CONSULENTE“Lendo seus artigos sobra alma, gostaria de saber o que vocês acham dos livros do Watchman Nee, que separa alma do espírito.
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante do que qualquer espada de 2 gumes, e penetra até ao ponto de dividir a alma e o espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hebreus 4:12).
Esse texto deixa claro que alma e espírito podem ser divididos, portanto são 2 elementos com 2 naturezas distintas".
RESPOSTA:Há duas interpretações sobre a composição físico-espiritual do homem. A primeira, defendida pelos “tricotomistas”, diz ser o homem formado de corpo, alma e espírito. A segunda, a dos “dicotomistas”, sustenta que o homem possui apenas corpo e alma, sendo esta dividida em duas substâncias: a alma propriamente dita, ligada aos nossos sentimentos, e o espírito, que tem consciência e possui o conhecimento de Deus. O Antigo Testamento não faz muita distinção entre alma e espírito: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida. E o homem foi feito ALMA VIVENTE” (Gn 2.7).
O termo “espírito” deriva do hebraico “ruah”, do grego “pneuma”, do latim “spiritus”, e significa sopro, hálito, vento, princípio de vida. Logo, nossa parte imaterial ou espiritual foi formada de uma parte da essência (do sopro) de Deus (Ez 3.19; Pv 23.14; Sl 33.19). O Novo Testamento também não estabelece uma clara distinção entre os dois termos: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lc 1.46-47). Outras referências: (Hb 4.12; 1 Ts 5.23). Jesus disse: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46). Antes, porém dissera: “A minha alma está cheia de tristeza até a morte” (Mt 26.38).
A verdade é que o homem possui uma parte material (o corpo) e uma imaterial (o espírito) formadas por Deus. Quando esta parte imaterial se relaciona com a carne (sensações, emoções, vontade), chama-se ALMA; quando serve de ligação com Deus, chama-se ESPÍRITO. Considero ser esta uma explicação razoável.
Quanto à “divisão da alma do espírito” (Hb 4.12), o texto, objeto da consulta, não está afirmando que esses dois elementos podem ser separados em algum momento. Na verdade, o texto enfatiza o poder da Palavra, como espada, capaz de separar o inseparável.
“Ordinariamente, os escritores sagrados referem-se ao homem como sendo um composto de corpo e alma, ou corpo e espírito, e não de corpo, alma e espírito, a não ser as passagens em (1 Co 15.44 e 1 Ts 5.23); e em (Hebreus 4.12), em que se faz distinção entre a alma animal e a racional, para fins de pura argumentação” (Dicionário da Bíblia, John D. Davis). Uma tese equilibrada sobre o assunto é a seguinte:
“Em geral os escritores bíblicos, de uma forma especial os do Antigo Testamento, não fazem distinção precisa entre psyche, alma animal, que é a parte inferior do ser humano, e pneuma, espírito ou alma racional, parte superior do homem. Por isso é comum o uso de ambos os vocábulos como designando uma mesma coisa. Escreve Scofield: “Sendo o homem `espírito´, é capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com ele; sendo `alma´, ele tem conhecimento de si próprio; sendo `corpo´, tem através dos sentidos, conhecimento do mundo”. O corpo é tabernáculo da alma, a alma a sede da personalidade, e o espírito o canal de comunhão com Deus” (As Grandes Doutrinas da Bíblia – Raimundo de Oliveira, CPAD, 2ª Edição/1992, p. 161).
Autor: Pr. Airton Evangelista da Costa
www.palavradaverdade.com
2 comentários:
Infelizmente, devo discordar deste post. A tentativa de se defender a dicotomia só é possível quando ignoramos regras básicas de hemenêutica. Algumas perguntas para o texto: por que Jesus utilizaria duas palavras diferentes para se referir a uma mesma coisa? Por que o texto de Hebreus diria que são divisíveis se eles não o são (notando que a segunda parte do texto, sobre juntas e medulas, trata de coisas divisíveis)? Portanto, embora seja mais fácil ao ser humano entender a dicotomia, a Bíblia aponta para a tricotomia.
Muito bom o material do blog. Que Deus continue usando sua vida.
Concordo com você Rogério, mas esta sua teve se aplica a defesa da tricotomia pois os textos que defedem as mesmas dever ser interpretados levando em conta o seu contexto. desta forma fica mais evidente uma quebra de regras hermenêucas quando se tenta explicar a tricotomia...
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