Para alguns jovens Ayrton pode não passar de um ex-piloto famoso, de um tricampeão, como Piquet e Lauda. Para os mais velhos, talvez, seja uma consequência do ótimo Emerson e do que o Brasil já havia construído no automobilismo. Para toda uma geração, que hoje tem cerca de 30 anos, este sujeito foi o ídolo maior de um país.
A morte mais dolorida de alguém que você sequer conheceu. O domingo mais triste da história de um país.
Aquele sujeito corajoso, ousado, com a postura de vencedor que contradiz o jeitão brasileiro de ser, deixava de erguer nossa bandeira aos domingos pro mundo todo aplaudir.
Era nosso orgulho, nosso filho mais querido.
Havia quem não gostasse, claro. Mas eram raros. Ainda são.
Ayrton ultrapassou o limite entre um ídolo do esporte e um ícone nacional. Era um exemplo ao brasileiro de que não eramos os “coitadinhos”, que nem sempre foi bem aproveitado.
Vencia na marra, perdia buscando seu limite. Errava, acertava, mas se bancava. O que prometia fazer, fazia. Não engolia qualquer ordem, não aceitava condições e foi buscar, através de talento e força de vontade um lugar de destaque dos mais dificeis já vistos na F-1.
Chegar lá e bater seu companheiro é pra muitos. Ganhar de um companheiro mais forte, pra poucos. Desbancar um campeão mundial como Alain Prost, ganhar a equipe e se tornar o principal piloto com ele do lado, não é pra qualquer um. E ele fez.
Talvez por ter existido Senna, cobrem tanto de Rubens e Massa. Talvez não. É óbvio que sim.
Jamais imaginariam do Ayrton uma atitude como a de deixar o companheiro passar na última curva e se fazer de vítima no pódio. Ele não faria. Ganharia a corrida, seria demitido, brigaria com o mundo… mas coitadinho, jamais,
É o anti-brasileiro, paixão do povo que adora ser coitado, e que nunca aceitou esta condição.
Hoje faz 17 anos.
Comentarista, dono de equipe, manager do Bruno, empresário, presidente da república, técnico do Corinthians, comentarista da Globo, vendeder de maça na feira, sei lá o que ele estaria fazendo. Mas, estaria fazendo com brilhantismo.
Jamais aceitou a condição de “mais um”, muito menos a de derrotado. Perdia inconformado, e ao invés de apenas lamentar, buscava reverter.
E revertia.
Parou o mundo com sua morte. Fez jovens e senhores, juntos, sentarem na calçada chorando a perda de um desconhecido aqui no Brasil. Seu caixão passou para todos aplaudirem. As empresas pararam, as pessoas sairam nas ruas e não teve um hipocrita pra dizer: “Onde já se viu? Pra que tudo isso?”. Hoje, pra qualquer outro, teria.
Para Senna, não teve. Pois nem o mais azedo dos sujeitos seria capaz de discutir a importância de alguém que consegue fazer o que ele fez neste país.
Foram dias de verdadeiro velório nacional. Quem não se lembra não imagina como era entrar num onibus segunda-feira de manhã e ver pessoas chorando, do nada, sem um motivo aparente.
Ver as pessoas, ricas ou pobres, na rua com uma bandeirinha nas mãos saudando a última passagem dele, que lentamente, incoerente a sua vida, passava por nós nas avenidas de São Paulo.
Ayrton foi o que jamais tivemos, o que jamais teremos novamente e um exemplo mal aproveitado.
Nos ensinou que não somos inferiores, e que podemos, desde que não aceitemos qualquer coisa. Ensinou, ensinou, ensinou, e poucos aprenderam.
Hoje seria um domingo qualquer. Já sem ele nas pistas, mas, não tão longe de todos nós.
Mas, quis a vida que fosse assim. Talvez para que nos lembrássemos com mais força e saudades deste sujeito especial. Talvez porque ele era demais para o mundo em que vivemos.
Ele se foi, deixou mais do que precisava, mais do que devia, e uma gigantesca nação de “viúvas”.
Eternamente gratos pelos momentos mágicos de alegria e orgulho aos domingos de manhã, aquelas lágrimas de 1994 não secaram para muitos até hoje.
Sou um deles, admito.
Não terei outro ídolo com Ayrton, porque sua mistura de talento, personalidade, postura e carisma não permitem. E também porque não serei, nunca mais, um garotinho de 15 anos usando o boné da Nacional e idolatrando um cara que dirige um carro de corridas.
Quando resolvi ser jornalista, há muitos e muitos anos, um dos motivos era poder apertar sua mão.
Mas não deu tempo. Sequer o conheci.
Não importa. Não precisei disso para saber quem era.
Onde estiver, provavelmente no lugar mais alto do pódio, espero que esteja feliz, bem e que receba todo carinho deste povo, que mais de 15 anos após sua partida, ainda lembra de você todos os dias com enorme saudades.
“O fato de ser brasileiro só me enche de orgulho”, disse Senna, numa entrevista.
E nós dizemos o mesmo, campeão.
abs,
RicaPerrone
http://www.ricaperrone.com.br/
A morte mais dolorida de alguém que você sequer conheceu. O domingo mais triste da história de um país.
Aquele sujeito corajoso, ousado, com a postura de vencedor que contradiz o jeitão brasileiro de ser, deixava de erguer nossa bandeira aos domingos pro mundo todo aplaudir.
Era nosso orgulho, nosso filho mais querido.
Havia quem não gostasse, claro. Mas eram raros. Ainda são.
Ayrton ultrapassou o limite entre um ídolo do esporte e um ícone nacional. Era um exemplo ao brasileiro de que não eramos os “coitadinhos”, que nem sempre foi bem aproveitado.
Vencia na marra, perdia buscando seu limite. Errava, acertava, mas se bancava. O que prometia fazer, fazia. Não engolia qualquer ordem, não aceitava condições e foi buscar, através de talento e força de vontade um lugar de destaque dos mais dificeis já vistos na F-1.
Chegar lá e bater seu companheiro é pra muitos. Ganhar de um companheiro mais forte, pra poucos. Desbancar um campeão mundial como Alain Prost, ganhar a equipe e se tornar o principal piloto com ele do lado, não é pra qualquer um. E ele fez.
Talvez por ter existido Senna, cobrem tanto de Rubens e Massa. Talvez não. É óbvio que sim.
Jamais imaginariam do Ayrton uma atitude como a de deixar o companheiro passar na última curva e se fazer de vítima no pódio. Ele não faria. Ganharia a corrida, seria demitido, brigaria com o mundo… mas coitadinho, jamais,
É o anti-brasileiro, paixão do povo que adora ser coitado, e que nunca aceitou esta condição.
Hoje faz 17 anos.
Comentarista, dono de equipe, manager do Bruno, empresário, presidente da república, técnico do Corinthians, comentarista da Globo, vendeder de maça na feira, sei lá o que ele estaria fazendo. Mas, estaria fazendo com brilhantismo.
Jamais aceitou a condição de “mais um”, muito menos a de derrotado. Perdia inconformado, e ao invés de apenas lamentar, buscava reverter.
E revertia.
Parou o mundo com sua morte. Fez jovens e senhores, juntos, sentarem na calçada chorando a perda de um desconhecido aqui no Brasil. Seu caixão passou para todos aplaudirem. As empresas pararam, as pessoas sairam nas ruas e não teve um hipocrita pra dizer: “Onde já se viu? Pra que tudo isso?”. Hoje, pra qualquer outro, teria.
Para Senna, não teve. Pois nem o mais azedo dos sujeitos seria capaz de discutir a importância de alguém que consegue fazer o que ele fez neste país.
Foram dias de verdadeiro velório nacional. Quem não se lembra não imagina como era entrar num onibus segunda-feira de manhã e ver pessoas chorando, do nada, sem um motivo aparente.
Ver as pessoas, ricas ou pobres, na rua com uma bandeirinha nas mãos saudando a última passagem dele, que lentamente, incoerente a sua vida, passava por nós nas avenidas de São Paulo.
Ayrton foi o que jamais tivemos, o que jamais teremos novamente e um exemplo mal aproveitado.
Nos ensinou que não somos inferiores, e que podemos, desde que não aceitemos qualquer coisa. Ensinou, ensinou, ensinou, e poucos aprenderam.
Hoje seria um domingo qualquer. Já sem ele nas pistas, mas, não tão longe de todos nós.
Mas, quis a vida que fosse assim. Talvez para que nos lembrássemos com mais força e saudades deste sujeito especial. Talvez porque ele era demais para o mundo em que vivemos.
Ele se foi, deixou mais do que precisava, mais do que devia, e uma gigantesca nação de “viúvas”.
Eternamente gratos pelos momentos mágicos de alegria e orgulho aos domingos de manhã, aquelas lágrimas de 1994 não secaram para muitos até hoje.
Sou um deles, admito.
Não terei outro ídolo com Ayrton, porque sua mistura de talento, personalidade, postura e carisma não permitem. E também porque não serei, nunca mais, um garotinho de 15 anos usando o boné da Nacional e idolatrando um cara que dirige um carro de corridas.
Quando resolvi ser jornalista, há muitos e muitos anos, um dos motivos era poder apertar sua mão.
Mas não deu tempo. Sequer o conheci.
Não importa. Não precisei disso para saber quem era.
Onde estiver, provavelmente no lugar mais alto do pódio, espero que esteja feliz, bem e que receba todo carinho deste povo, que mais de 15 anos após sua partida, ainda lembra de você todos os dias com enorme saudades.
“O fato de ser brasileiro só me enche de orgulho”, disse Senna, numa entrevista.
E nós dizemos o mesmo, campeão.
abs,
RicaPerrone
http://www.ricaperrone.com.br/
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