Sexo evangélico: Saiba mais
sobre sex shop, fetiche,frequência sexual,sexo na menstruação,etc
O que um casal cristão deve ou
não fazer.
Faça sol ou faça chuva, no
frio ou no calor, com cansaço ou relaxado, não importa. O apetite sexual do
brasileiro não encontra barreiras para se satisfazer. As pesquisas sinalizam, a
mídia incrementa, os produtos estimulam. E o casal que busca viver dentro de
princípios cristãos, com fidelidade conjugal e ética moral nem sempre consegue
administrar desejos e possibilidades. Afinal, a própria Bíblia está cheia de
orientações sobre comportamento afetivo e sexual entre casais. O apóstolo Paulo
enfatizou que homem e mulher devem sempre manter um acordo sobre suas relações
sexuais a fim de evitar tentações (1 Cor 7:5). Diante de tantas pressões, o
escritor do maior número de cartas do Novo Testamento sintetizou muito bem:
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convém. Todas as coisas me
são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por elas” (1 Cor 6:12). Assim
sendo, o que seria lícito ou não para um casal cristão nos momentos de
intimidade?
Existe alguma recomendação
específica sobre regras e práticas do que deve ocorrer entre marido e mulher
dentro de quatro paredes?
O que mais tem afligido os
casais na hora da relação sexual? E por mais que o homem ou mulher brasileiros
se mostrem despojados de pudores ou questionamentos, sempre há aqueles que
querem esclarecer e discutir suas opiniões. Casais crentes, sejam mais
liberados ou não quanto à sua performance com o parceiro, também necessitam de
mais esclarecimento. Com o índice de separações cada vez maior em famílias
evangélicas, não se pode desconsiderar que, muitas vezes, problemas no sexo são
o estopim para um divórcio.
A freqüência do ato sexual é
uma dessas questões sempre debatidas. Alguns reclamam de excesso, outros de
falta de sexo no casamento. Saber reconhecer o limite do cônjuge na hora de
determinar a freqüência nas relações sexuais é fundamental. É claro que a
atração e vontade de fazer amor com a pessoa amada é saudável, desde que o
desejo de um não se torne o tormento do outro. Mas como saber se o número de
relações de um casal está além da conta? De acordo com especialistas, essa
resposta é variável e deve ser dada pelo próprio casal. O excesso ocorre quando
a freqüência ultrapassa uma média dentro do casamento, isto é, a quantidade de
vezes com a qual os dois estavam acostumados começa a aumentar, ou quando
supera a vontade do outro.
O médico Ademir Pacelli
Ferreira, professor do Instituto de Psicologia da Uerj, explica que a expressão
“excesso de sexo” não é um conceito psicopatológico. “É um termo que parte de
uma norma, aparecendo como queixa de um”, afirmou. Ele diz que é difícil haver
equilíbrio no apetite sexual, pois sempre haverá um mais estimulado que o
outro. É a convivência e o perceber-se um ao outro que define quem vai ceder e
o que vai ceder a fim de que o casal encontre um caminho comum. Identificar a
raiz do comportamento é uma tarefa de marido e mulher. E se chegar a um acordo
for complicado, procurar ajuda externa é a orientação.
O recém-casado Pedro Vieira,
25 anos, está sentindo na pele os efeitos do seu desejo. Casado há apenas oito
meses, ele admite que sua esposa de 20 anos tem se queixado do seu apetite,
sinalizado diariamente. “Por mim, eu manteria relações com minha esposa todos
os dias, mas ela reclama”, reconheceu. O conflito tem algumas razões que já
começam a aparecer. A primeira é a formação. Ela é evangélica de berço, e ele
está freqüentando a igreja. Ambos têm, portanto, valores diferentes. Diante da
negativa, ele diz que insiste e, quando não vê alternativa, vai dormir
chateado. “Fico chateado só na hora, mas procuro entender. Depois passa. Às
vezes, minha esposa também fica brava”, emendou. Apesar do desentendimento,
garante que o casamento não foi abalado.
Tradicionalmente, o maior
desejo vem do homem. E, diante da situação, a reação da mulher vai depender de
sua orientação nas diferentes áreas do comportamento: sexualidade e
espiritualidade, por exemplo.
Martha Gonçalves enfrentou o
mesmo desafio da esposa de Pedro Vieira. Ela conta que os 15 anos de casamento
não afetaram em quase nada o comportamento do marido, que a procura a cada dois
dias, e, dependendo da semana, o convite pode ser diário. “Ele teve formação
diferente da minha, converteu-se depois. Então, procurei entendê-lo, assim como
ele também procurou me entender. Fiquei um pouco assustada no início, porque
não esperava que fosse tão freqüente, mas vi que era uma necessidade dele. Como
eu tinha saúde, fomos nos moldando”, lembrou Martha, que afirma que foram
poucas as vezes que negou sexo. “Quando isso acontece, ele entende. Pensava
também que, se ele não satisfizesse seu desejo comigo, poderia procurar fora de
casa.” E de acordo com Pacelli Ferreira, há homens que justificam o adultério
pela resistência da mulher.
PERSPECTIVA FEMININA
Sob a perspectiva feminina, a
médica Esther Ribeiro explica que se a excitação for natural, não traz qualquer
tipo de problema para o corpo da mulher. “Se a mulher for muito amada, ela não
tem limite”, atestou. Para a especialista, que é ginecologista, terapeuta
familiar e pastora, o único período em que a mulher deve evitar manter relações
é o menstrual, quando o sangue é um elemento que facilita infecções e o colo do
útero está muito aberto, possibilitando a subida de bactérias. Como terapeuta
familiar, Esther diz que prejudicial não é o excesso em si, mas como a mulher
(ou o homem) está desfrutando da relação. “Estamos vivendo em um mundo onde o
que importa é o ‘meu’ prazer e não o ‘nosso’ prazer. Os casais não conversam,
não namoram. Quando isso acontece, o prazer é um prazer egoísta, o que gera
relacionamento anômalo”, alertou.
Outro ponto pouco discutido e
que poderia ser mais explorado é o “mapa erógeno”. Muitos casais ainda precisam
conhecer e saber desfrutar das zonas erógenas do seu corpo e do cônjuge para
que a sexualidade no casamento seja mais prazerosa. Para dar e receber prazer,
o casal deve explorar este “mapa” existente no corpo do seu esposo ou de sua
esposa. Mas o que é zona erógena? São partes do corpo especialmente sensíveis
às carícias, porque têm muitas terminações nervosas. Quando a pessoa está
receptiva, a estimulação dessas áreas provoca sensações fortes, que
desencadeiam reações sexuais. A pele, em si, é praticamente uma zona erógena em
potencial, mas certas partes do corpo têm reações mais fortes, como lábios,
pescoço, lóbulo da orelha, nuca, peitos, pés, dentre outras.
ZONAS ERÓGENAS
MULHERES
Frente: orelhas, boca, palmas
das mãos, mamilos, barriga, parte interna da coxa, dedos dos pés
Ponto especial: clitóris
Costas: nuca, bumbum
HOMENS
Frente: olhos, cantos da boca,
pescoço, dedos dos pés, mamilos, barriga, virilha, pés, glande (cabeça do pênis)
Costas: bumbum
FOCO SENSÍVEL
Os pontos erógenos mais
sensíveis são diferentes para cada pessoa e provocam reações diversas à
estimulação. A melhor forma para descobrir o próprio “mapa erógeno” e o do
cônjuge é a exploração mútua. O modo como as carícias são feitas também provoca
reações diferentes. É justamente a exploração sexual que o pastor Gilson Bifano
orienta aos casais para melhorar a vida sexual. Partindo da teoria para a
prática, ele recomenda um exercício chamado “foco sensível”: os cônjuges
acariciam suavemente todo o corpo um do outro, sem intenção de penetração.
Segundo Bifano, que é fundador do Ministério de Família Oikos, o objetivo é
fazer o outro conhecer a sensibilidade de seu próprio corpo. “Pode usar uma
pena ou pluma ou a mão de maneira suave”, ensinou.
O pastor alerta para o fato de
que os casais, especialmente cristãos, devem aprender que o ato sexual não se
reduz apenas ao binômio pênis–vagina. “Quando um casal restringe o ato sexual a
isso, a relação, com certeza, se empobrece. Devemos mostrar a maridos e esposas
crentes que a sensualidade, quando usada para atrair o cônjuge, não é pecado e
é até recomendável”, ressaltou ele.
A psicoterapeuta e
especialista em sexualidade Carmen Lúcia Otero Janssen diz que durante o ato
sexual as pessoas precisam parar de se preocupar com o desempenho e priorizar a
exploração das sensações dos cinco sentidos (tato, olfato, audição, visão e
paladar). “A pessoa fica muito preocupada em mostrar habilidade e impressionar
o parceiro. Ou seja: ‘Vou arrasar na cama.’ Em vez disso, deve sentir o toque e
doar se mais para o outro e entrar em contato com a afetividade”, destacou ela,
que já escreveu o livro “Massagem sensual para casais enamorados”. A publicação
ensina os casais a usarem a massagem como veículo para o desenvolvimento da
sexualidade amorosa.
Carmem Lúcia Janssen frisa que
hoje a sexualidade está muito banalizada e muito rápida. “As preliminares são
importantes tanto para homens quanto para mulheres. O ato sexual, para o homem,
é muito genitalizado, e ele não percebe que perde com isso. Ao demorar nas
preliminares (zonas erógenas), os parceiros ganham mais qualidade na vida
sexual”, explicou ela, que é pós-graduanda em Sexualidade Humana pelo Instituto
Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática de São Paulo
(Isexp).
O fato é que quando o casal
apresenta problemas na cama, o relacionamento pessoal também sofre
conseqüências. Um exemplo disso é a contabilista L.S. “Sentia muita dor na
relação sexual e por conta disso passei a evitar o meu marido”, disse. Assim, o
casal
começou a brigar. A solução
foi procurar ajuda de um psicólogo cristão. “Durante a terapia, aprendi a
importância de me doar, e a psicóloga ensinou que devemos demorar nas
preliminares. Melhorou bastante, e reduzimos as nossas brigas”, garantiu.
Gilson Bifano afirma ainda que a comunicação – antes, durante e depois da
relação sexual – é importante. “Os cônjuges devem perguntar onde o outro gosta
e não gosta de ser tocado, o que causa maior e menor prazer.”
FETICHE
E o fetiche? Como pode
interferir na vida sexual do casal? Será um desvio, um comportamento anormal ou
até pecaminoso? Fetichismo, na psicanálise, significa “desvio do interesse
sexual para algumas partes do corpo do parceiro, para alguma função fisiológica
ou para peças do vestuário, adorno” (“Dicionário Houaiss”).
O termo começou a ser usado
com essa conotação a partir dos estudos de Freud, pois, originalmente, a
palavra vem de “feitiço” e designava um objeto a que se prestava algum tipo de
culto, ou possuidor de poderes mágicos. O psiquiatra Albert Zeitouni, baseado
na teoria freudiana, esclarece que “a criança, ao perceber que a mãe não possui
um pênis, recusa-se a aceitar essa realidade porque acredita que o seu órgão
masculino também poderá ser perdido, então cria um substituto para o pênis da
mãe, que é o fetiche”. Segundo ele, o fetiche se estabelece como um estímulo
sexual durante a infância, e quando o homem torna-se adulto não o abandona em
troca da pessoa total, pois o fetichista acredita que precisa daquele objeto ou
parte do corpo feminino para conseguir a ereção.
Os tipos de fetiches mais
comuns são os relacionados às partes do corpo da mulher, como pés, unhas, mãos,
além dos objetos femininos, como meias, sapatos de salto alto, “lingeries”. Na
prática sadomasoquista – aquela que envolve a dominação de um dos parceiros –
são utilizadas roupas e objetos de couro, além de chicotes. A psicóloga Márcia
Bittar Nehemy, especialista em Sexualidade, realiza terapia de apoio e diz que
a psicologia considera que todas as pessoas são fetichistas em algum grau, mas
muitos não conseguem obter prazer sexual sem o seu fetiche.
O evangelista da Assembléia de
Deus João Luiz Paim da Silva, estudioso do assunto, garante: “O fetiche
moderno, que muitos julgam inofensivo, é uma porta aberta para o diabo”. Como
exemplo, cita o fetiche por pés e pergunta: “Como será se o homem que gosta de
pés encontrar e desejar outro pé, que não o da esposa, pela rua, e começar a
segui-lo? Certamente, logo virá o adultério.” Pastor da Igreja Batista
Nacional, Disney Macedo acredita que os fetiches que não desrespeitam a relação
do casal podem fazer parte da vida íntima dos cristãos. Isso se houver um
acordo entre eles, sem, no entanto, incluir o sadomasoquismo. Nessa
perspectiva, o homem tem de ter domínio próprio e, por isso, pode utilizar um
fetiche, mas nunca ser dominado por ele.
Quando atinge níveis
patológicos, causando constrangimentos, o fetiche é visto como um problema.
Outras vezes, pode “apimentar” a relação entre o casal, embora muitos cristãos
considerem qualquer coisa ligada à sexualidade como pecado e não como algo
prazeroso. A sociedade explora cada vez mais o fetichismo, mas o que acontecerá
se as pessoas não amarem mais umas às outras em sua totalidade, pela sua beleza
física, mental, intelectual e caráter, mas, sim, desejando apenas uma de suas
partes ou um de seus objetos de uso pessoal? Esse questionamento é feito por
Maria Andrade, 40 anos, que teve um marido fetichista. “Ele não me via como
mulher. Eu era apenas um pé e, para agradá-lo, acabei ficando obsessiva em
cuidar dessa parte do meu corpo.” Hoje, garante que minimizou bastante o
problema, mas precisou passar por tratamento com um sexólogo.
Muitas pessoas usam, de fato,
a criatividade para “apimentar” a relação a dois, com a inclusão de carícias,
“lingeries” sensuais, mudança de posições, etc. Até mesmo os casais evangélicos
são estimulados, em muitas denominações, a ousarem no sentido de dar prazer ao
parceiro e demonstrar o carinho e o amor que um tem pelo outro. Assim, marido e
mulher são legitimamente motivados a erotizar a relação, isto é, investir em
novidades. Vale um jantar romântico, uma viagem a dois. Até aqui não há muita
polêmica, mas existem algumas práticas que geram discussão dentro da Igreja, como,
por exemplo, o sexo anal: casais evangélicos podem usufruir dessa alternativa?
Como é vista a prática do sexo anal por alguns pastores, psicólogos e casais
evangélicos?
EXEMPLOS DE FETICHES
No cinema: “A Insustentável
Leveza do Ser”, Philip Kaufman, em que o personagme pede a suas parceiras que
usem um chapéu durante o ato sexual.Na literatura: “O livro de cabecira”
(1996), de Peter Greenaway, mostra uma modelo que mantém o hábito de pedir a
calígrafos que escrevam livros em seu corpo.Na música: Madonna explora o
sadomasoquismo, com seus chicotinhos, botas e lençóis de seda.
CARDÁPIO DA ARTE SEXUAL
Não há consenso na resposta,
já que especialistas na área de saúde e pastores têm opiniões divergentes sobre
o assunto. Muitos condenam a prática e são categóricos em afirmar que sexo anal
é pecado, principalmente porque a sociedade está saturada de sexo pervertido,
onde o ser humano busca a satisfação própria e não a do outro. Há psicólogos e
médicos que dizem que o sexo anal é uma alternativa sexual que – se tomados os
devidos cuidados de higiene durante o ato sexual – não traz problemas de saúde.
Esse grupo também ressalta que a decisão de incluir ou não o sexo anal no
“cardápio da arte sexual” do casal deve ser uma decisão de ambos.
O médico ginecologista e
membro da Igreja Batista Sérgio Macedo explicou que o desejo de praticar o sexo
anal tem uma explicação psicológica: essa manifestação sexual está presente nas
relações heterossexuais porque os homens, buscando uma variação sexual com suas
parceiras, fantasiam a penetração anal como uma grande realização de conquista,
sem falar de um certo sentimento de domínio e poder. As mulheres, em sua
maioria, têm na fantasia sexual o desejo anal mais como uma tentativa de
satisfazer os impulsos sexuais do parceiro, agregando a essa experiência a
possibilidade de demonstrar a entrega total, isto é, o quanto estão envolvidas
na relação.
Evangélica há oito anos, a
comerciante M.P. diz que sexo anal faz parte da sua rotina sexual há muito
tempo. Ela o considera legítimo porque tal prática é feita com seu marido. “Não
me sinto culpada. Nós dois gostamos e nos sentimos à vontade para, de vez em
quando, inovar a nossa relação sexual”, revelou.
A inclusão da prática na vida
do casal, segundo o médico e pastor da Igreja Maranata do Rio de Janeiro, Paulo
César Brito, mostra que a sociedade está se corrompendo a cada dia. Para ele,
os evangélicos têm na Bíblia um padrão de ética que tem de ser respeitado. “Não
dá para deixar entrar na Igreja esses conceitos sociais e culturais que vão
contra a Palavra”, esclareceu.
De acordo com Brito, a adoção
de sexo anal entre casais evangélicos é pecado porque vai contra a natureza
determinada por Deus: sexo entre um homem e uma mulher, cujo órgão principal é
a vagina. “Esse orifício [o ânus] foi feito para eliminar fezes. A Bíblia diz
que os sodomitas não entrarão no Reino dos Céus. O que é sodomita? Quem faz sexo
anal”, definiu ele, baseando-se no texto de Romanos, capítulo 1. Ele acha que
os casais evangélicos que fazem tal prática revelam desconhecimento bíblico.
“Ou não querem ver a verdade porque não lhes interessa. Procuram variantes que
justificam as suas práticas.”
Para o médico e pastor da
Igreja Maranata do Rio de Janeiro, Paulo César Brito, não dá para deixar entrar
na Igreja esses conceitos sociais e culturais que vão contra a Palavra O pastor
Marcelo de Andrade e Silva endossa as palavras do seu colega, mas é mais
comedido em relação ao texto bíblico que proíba literalmente o sexo anal. “Não
temos um texto claro na Bíblia que seja contra a prática de sexo anal entre um
homem e uma mulher. Porém o sexo anal constitui uma violência ao organismo porque
Deus criou cada órgão no corpo humano com uma função. No caso do ânus, ele foi
feito exclusivamente para defecar”, pontuou Andrade e Silva. Para o pastor, há
outras formas de se obter prazer sexual. “O sexo é um manjar deixado por Deus
para que possamos usufruí-lo.”
Para o casal E. e R., não há
problema em seguir a orientação pastoral porque desde o curso de noivos, dado
na Escola Dominical, os dois aprenderam que o sexo anal é contra a vontade de
Deus. “Nunca sentimos qualquer curiosidade ou desejo de experimentar. Porém,
para não cair no tédio, praticamos sem ‘neuras’ o sexo oral”, disse ela, que
está casada há sete anos. Os dois pastores alertam ainda para o fato de o ânus
não ter sido feito para o sexo – a prática pode provocar fissuras, infecção urinária,
além de dor –, pois o órgão não tem lubrificação natural como a vagina.
O material contido na ampola
retal, que é a última parte do intestino e que desemboca no ânus, é cheio de
bactérias, cuja presença é normal no local, mas nas vias urinárias pode levar
ao aparecimento de lesões e infecções, às vezes, graves. Além disso, é uma
relação mais traumática, provocando freqüentemente escoriações por onde podem
entrar microorganismos, atingindo a corrente sangüínea e causando diversas
doenças.
O ginecologista Sérgio Macedo
afirma que, fisiologicamente, não existe qualquer contra-indicação para a
prática do sexo anal. “No entanto, lembro que não é um órgão com a mesma
elasticidade da vagina. O sexo anal praticado com os cuidados necessários não
causa nenhum dano, nem de alargamento do ânus, nem de perda do controle do
esfíncter (músculo da região anal)”, garantiu ele. Para resolver a falta de
lubrificação, o médico aconselha o uso de géis à base de água encontrados em
qualquer drogaria. Ele diz que a prática do sexo anal requer alguns cuidados,
como o consentimento espontâneo de ambos, a necessidade do intestino estar
limpo, e o homem deve ter o cuidado de urinar após a relação. E lembra ainda
que o sexo anal não pode ser feito antes do vaginal por causa do risco de
transmissão de doenças.
Ele assegura que a relação
anal não pode substituir a vaginal, principalmente porque a falta de prazer
naquele tipo de relação é muito usual. “A maioria das mulheres não tem orgasmo
no sexo anal. O órgão erógeno da mulher é o clitóris”, ressaltou. Em relação à
religião, para Sérgio Macedo, o casal deve ter bastante discernimento
espiritual. “Se não há culpa, e o casal, de vez em quando, achar que o sexo
anal pode ser algo diferente na rotina do dia-a-dia, não vejo problemas”,
ressaltou.
Marcelo de Andrade e Silva
acredita que as mulheres muitas vezes acabam cedendo aos maridos por medo de
que estes busquem experiências extraconjugais.
“A mulher deve ser veemente
nos seus princípios. A fidelidade é mais um traço de caráter do que de falta de
atendimento de um desejo. O casal pode usufruir um com o outro, sem cair no
desvio moral que é a busca pelo prazer a qualquer preço”, alertou. Segundo ele,
se em algum momento a relação visa à obtenção narcisista e individualista
exclusiva do próprio prazer, foge aos princípios determinados por Deus.
CHEIRO
No jogo da sedução, os
sentidos desmpenham papel importante. Mas é o olfato o que mais instiga a
curiosidade e aguça a imaginação da espécie humana. Tanto que há uma discussão
sobre o poder do feromônio (substância química exalada pela fêmea para atrair o
macho) e o enigma de sua existência e função na espécie humana.
Entretanto, a dúvida
permanente, Os cientistas, porém, não discutem a existência do feromônio em
mariposas, elefantes asiáticos e camundongos, que exercem um papel tão
fundamental quanto surpeendente no acasalamento, Feromônio vem das palavras
gregas “phero” - que significa “transportar” - e hormônio, combinadas.
Para a psicoterapeuta Carmem
Lúcia Janssen, o sucesso das relações amorosas está muito mais ligado ao
resgate da auto-estima, à predisposição em se abrir ao outro e à percepção que
a pessoa tem de si mesma do que aos feromônios ou de qualquer outra espécie de
afrodisíaco. “A auto-estima é a base de tudo. Para eu ser atraente, preciso me
sentir atraente”, atestou. “Não há nada de errado em usarmos oso odores como
ferramentas de sedução. Mas se quisermos aumentar nosso poder de sedução,
precisamos trabalhar duro no resgate de nossa auto-estima.”
SEXSHOPS
E quanto às lojas
especializadas em produtos eróticos que atraem pessoas em busca de mais prazer,
as intrigantes “sexshops”?
A visita a esses
estabelecimentos costuma ser vista como natural pela maior parte das pessoas,
mas, para os evangélicos, a atitude pode ser um ponto de conflito. Sais de
banho e óleos afrodisíacos, vibradores, cintas de couro masculinas e femininas,
massageadores, elementos de sadomasoquismo e fantasias, alongadores penianos,
próteses, roupas íntimas comestíveis para homem e mulheres, géis, pomadas,
“lingeries” e toda sorte de produtos estimulantes para uma relação sexual são
encontrados em “sexshops”, que já têm suas versões na internet e até por
catálogo de porta em porta, estilo Avon. Com preços que estão longe de serem
prazerosos, elas aguçam a curiosidade de muitos. É o caso de Paula Moura (nome
fictício). Ela e o marido são evangélicos e não veem qualquer tipo de problema
em freqüentar uma dessas lojas. “Não gosto de produtos de adomasoquismo ou fantasias, mas há coisas
interessantes”, admitiu. Na opinião do psicólogo e pastor batista Silas de
Freitas, a curiosidade pode ser o início de um hábito. “A curiosidade pode
levar o indivíduo a ceder à vontade de experimentar artifícios que não podem
melhorar o relacionamento”, disse. Para ele, é o ajustamento na relação
conjugal que torna o sexo mais prazeroso. “Eu tenho mais de 30 anos de casado,
e meu envolvimento é tão bom quanto antes. Talvez melhor”, acrescentou. Ele crê
que, quando tudo está ajustado, o casal cria mecanismos excitantes.
Para a bispa metodista Marisa
Coutinho, a criatividade faz parte do relacionamento. “Não vejo problemas no
uso de óleos de massagem, por exemplo. Mas entendo que a questão não é se o
casal evangélico deve ir à “sexshop” ou não. Mas por que razão quer ir”,
argumentou. Ela entende que se a motivação for suprir uma carência que o casal
esteja enfrentando, talvez as novidades possam até atrapalhar.
Silas de Freitas ainda diz que
o ato sexual por si mesmo não satisfaz mais, precisa de novidades, de elementos
inusitados para valer-se. Tudo isso também tem muito a ver com o tipo de vida
imediatista que as pessoas têm levado. Em vez de investir no relacionamento dia
após dia e aprender sobre o outro, sobre o que lhe dá prazer, o indivíduo
prefere alternativas que lhe permitam pular essas etapas.
LUGAR CERTO, NA HORA CERTA
Nessa perspectiva de recriar
momentos de prazer a dois, o lugar certo para fazer amor também é questionado.
É pecado o casal casado e evangélico ir ao motel? O assunto gera discussões diversas.
Para alguns, o ambiente é considerado casa de prostituição e carregado de maus
espíritos.
Outros, no entanto, não vêem
problema algum. Aproveitam as datas especiais, como aniversário de casamento,
para sair da rotina e “aquecer” a relação. A palavra “motel” surgiu nos Estados
Unidos, no início da década de 1930, como hotéis de beira de estrada para
descanso de viajantes e caminhoneiros e das palavras “Motor Hotels” surgiu
“motel”. Eram pequenos espaços que englobavam algumas vantagens como lugar para
o carro, água, lenha, casas de banho, chuveiros, lavanderia e preços baixos.
Qualquer pequena comunidade oferecia um serviço desses.
Com relação ao motel, o pastor
da Assempléia de Deus, Silas Malafaia, lembra a questão do escandâlo, pois tudo
é lícito, mas nem tudo convém.No Brasil, a idéia apareceu no final da década de
60 com uma conotação romântica explícita nas fachadas, além dos espaços e
decoração dos interiores. O pastor Edson Alves não chega ao radicalismo de
tachar o motel como ambiente maligno ou local de pecado, mas aconselha que,
numa data especial, os casais evangélicos procurem um hotel. Ele acha que o
motel não é um local apropriado devido à rotatividade. Mas por ser mais barato,
a freqüência é bem maior. “Eu questiono a higiene desses locais”, observou ele.
E é a alta rotatividade que faz com que muitos evangélicos considerem o motel
um lugar “sujo”. Para esse problema, Doraci e Martinho Santos, da Assembléia de
Deus, casados há 28 anos, têm uma solução. Apesar de ainda não terem experimentado
momentos a dois num motel, eles não vêem problema algum. A única preocupação
seria com a questão da higiene, e Doraci revela que levaria de casa suas roupas
de cama e banho, sem problema. O casal sempre procura comemorar as datas
especiais em lugares onde possam ficar a sós.
Em determinados momentos, a
privacidade é fundamental, e, além da economia, o motel proporciona essa
possibilidade de ficarem sozinhos por algumas horas. Líder do Ministério Lar
Cristão, o pastor Jaime Kemp aponta alguns motivos para aconselhar um cristão a
não ir ao motel. Primeiramente, para nunca colocar dúvidas sobre a integridade
do casal. Ele acha também que não se deve sustentar moral e financeiramente uma
instituição que está contra a família. “O motel, infelizmente, é um princípio
de infidelidade.” Outro motivo é a tentação. De acordo com o pastor, se o casal
cristão está no motel e se vê tentado a assistir filmes onde outros casais
mantêm relações sexuais, isso pode ser prejudicial para o casamento.
A polêmica divide mesmo
opiniões. Alguns pastores afirmam não ter base bíblica para condenar um casal
que queira ter seus momentos de prazer num motel. Pastor da Assembléia de Deus,
Silas Malafaia chama a atenção, porém, para a questão do escândalo.
Ele lembra que tudo é lícito,
mas nem tudo convém. “Ter relações sexuais com minha mulher não é pecado em
lugar nenhum”, justificou. Silas Malafaia pensa que o casal deve tomar alguns
cuidados, mas que, em momento algum, pode considerar que o ato de ir ao motel é
pecado. O casal Waldivia e Francisco Cavalcante, da Igreja Batista Manancial,
concorda com o pastor, mas lembra que não se deve escandalizar os outros. “Eu
não ficaria escandalizada se visse um casal de irmãos em Cristo entrando ou
saindo de um motel,porém não acho conveniente”, considerou ela. E o autor do
livro “Macho e fêmea os criou”, Carlos “Catito” Grzylowski, argumenta que, para
a grande maioria dos casais, o motel tornou-se sinônimo de um local privativo
em que se pode ir no anonimato e com uma pessoa que talvez nunca mais torne a
encontrar. Isto é, consumir algo e descartar em seguida é a essência do modelo
capitalista neoliberal trazida para o evento mais íntimo das relações humanas.
Para o pastor Jaime Kemp, se o
casal cristão está no motel e se vê tentado a assistir filmes onde outros
casais mantêm relações sexuais, isso pode ser prejudicial para o casamento
Existem, porém, aqueles que procuram o motel por outros motivos. Os que desejam
desfrutar de certas “comodidades” que não possuem em casa a um custo
relativamente baixo, como banheiras de hidromassagem, saunas individuais, às
vezes, até uma piscina ou um teto solar para observar as estrelas da cama. Para
Grzylowski, esses casais crêem que tais detalhes podem incrementar a vida
sexual e o romantismo.
Ele ressalta que muitos
líderes de igrejas estão “coando o mosquito e engolindo o camelo”, isto é,
estabelecendo regras e normas sobre locais e formas da relação sexual e
esquecendo o mais profundo: a motivação que leva os casais ao ato sexual. “Para
mim, um casal que tenha uma relação sexual em casa, no quarto, a portas
fechadas e na posição mais convencional possível, porém sem ternura, buscando
só o orgasmo e até, às vezes, forçando o cônjuge a uma relação num momento
indesejável, esse já quebrou o princípio básico de amar ao próximo, mandamento
máximo do Evangelho (Mateus 22:39), colocado por Jesus em pé de igualdade ao
amor a Deus”, destacou.
Quanto à questão da maldição
do local, o psicólogo é enfático: “Quem traz bênção ou maldição para os lugares
são as pessoas que os freqüentam com suas intenções. Se eu creio que o Espírito
Santo habita em mim, então em todo local que eu for ele estará presente e só
esse fato já tornará o local abençoado pela presença do Espírito Santo em e
através de mim”, assegurou. A sexóloga Sandra Lucena revela que muitos casais
nunca fizeram sexo em outro local que não seja a própria cama ou tentaram
posições e toques diferentes, temendo pecar. “São casais marcados pelo
silêncio, pela falta de diálogo e cuidado com o outro”, garantiu. Segundo ela,
com essas situações, existem leitos maculados em lares cristãos que parecem não
conhecer a graça, o perdão, o cuidado e o amor de Deus.
Ela diz que a medida do sexo
saudável, e isso inclui as fantasias sexuais, está na visão que se tem de Deus,
da intimidade com ele, no compromisso e conhecimento da sua vontade. “Somente
os que buscam um caráter cristão encontram respostas e paz nas questões
sexuais”, definiu a sexóloga.
A vida conjugal continua sendo
motivo de muitas discussões, debates e dúvidas. E deverá continuar assim, já
que a relação sexual de um casal é algo que se aperfeiçoa dia-a-dia. O êxito
está intimamente ligado à capacidade de se expor e de dialogar, em amor. Trocas
e carinhos ajudam no conhecimento um do outro, permitindo o encontro de
soluções e caminhos para uma sexualidade sadia.
NÚMEROS DO PRAZER Fonte:
Instituto Paulista de Sexualidade
. 35% das mulheres sentem
desejo, têm capacidade de se excitar, mas não atingem o orgasmo.
. 25% das mulheres não sentem
desejo.
. 35,5% das mulheres têm
outros problemas sexuais: aversão sexual, dores na penetração, vaginismo,
impulso sexual excessivo, homossexualidade não-resolvida.
. 50% das mulheres que chegam
ao orgasmo se excitam com a penetração. A outra metade se excita apenas se
houver estimulação do clitóris.
fONTE: REVISTA ENFOQUE.
SÚ SANTANA
Nenhum comentário:
Postar um comentário