A PAIXÃO, O PADECER E A PROMESSA

Capítulo Um: No Cenáculo
de Max Lucado
Introdução
É o fim da semana mais significante na história do mundo.
Uma semana de momentos finais. A última ceia entre Jesus e os apóstolos. A última vez que Jesus ora no jardim. O confronto conclusivo com os inimigos. E o encontro final com a dor.
E o evento final … uma demonstração ousada de poder divino. O Salvador enterrado libertado para uma sagrada explosão. O que era um sepulcro agora é um símbolo … marcando a maior vitória na batalha mais crucial.
Uma semana de momentos finais. Uma semana de términos. Ou, será que é do começo…?

Quando eu era um menino eu fiz parte de um grupo de jovens na igreja que levavam a ceia aos enfermos e hospitalizados. Nós visitamos aqueles que não podiam freqüentar o culto, mas ainda desejavam orar e participar da ceia. Eu devia ter uns dez ou onze anos de idade quando fomos para um quarto de hospital onde estava um senhor de idade que era muito fraco. Ele estava dormindo, então nós tentamos despertá-lo. Não conseguimos. Nós sacudimos ele, falamos com ele, batemos no ombro dele, mas nós não conseguimos acordá-lo.
Nós não queríamos partir sem realizar nosso dever, mas não sabíamos o que fazer.
Um dos jovens comigo observou que, embora o homem estivesse dormindo, a boca dele estava aberta. Por que não? Nós dissemos. Assim nós oramos pelo pão e colocamos um pedaço na língua dele. Então nós oramos pelo suco de uva e derramamos na boca dele.
Ele nunca acordou.
Como muitos hoje. Para alguns a ceia é um momento sonolento na qual são comidas bolachas e suco é bebido, mas, a alma nunca se mexe. Não era para ser assim.
Era para ser um convite do tipo Eu-não-tô-acreditando-que-é-verdade-me-dê-um-biliscão para sentar à mesa de Deus e ser servido pelo próprio Rei.
Quando você lê a versão de Mateus da Última Ceia, uma verdade incrível aparece. Jesus é a pessoa por trás de tudo. Foi Jesus que selecionou o lugar, designou o tempo, e determinou a ordem da refeição. “O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos.”[1]
E na Ceia, Jesus não é o convidado, mas o anfitrião. “E [Jesus] deu aos discípulos.” O assunto dos verbos é a mensagem do evento: “ele tomou…ele abençoou…ele partiu…ele deu….”
E, na Ceia, Jesus não é o servido, e sim, o servo. Foi Jesus que durante a ceia vestiu o traje de um servo e lavou os pés dos discípulos.[2]
Jesus é o mais ativo à mesa. Jesus não é retratado como o que reclina e recebe, mas como o que está de pé e dá.
Ele ainda faz. A Ceia do Senhor é um presente a você. A Ceia do Senhor é um sacramento,[3] não um sacrifício.[4]
Freqüentemente, nós pensamos na Ceia como uma performance, um momento quando nós estamos no palco e Deus é o público. Uma cerimônia na qual nós fazemos o trabalho e ele fica assistindo. Não era para ser assim. Se fosse, Jesus teria tomado um lugar para sentar e relaxar.[5]
Não é isso o que ele fez. Ao invés disso, Ele cumpriu seu papel como um rabino, guiando seus discípulos na comemoração da Páscoa. Ele cumpriu o papel dele como um servo lavando os pés deles. E ele cumpriu o papel dele como um Salvador lhes concedendo perdão de pecados.
Ele tomou conta. Ele ficou no meio do palco. Ele era a pessoa por trás e por dentro do momento. E ele ainda é.
É à mesa do Senhor que você senta. É a Ceia do Senhor que você toma. Da mesma maneira que Jesus rogou pelos discípulos, Jesus implora a Deus por nós.[6] Quando você é chamado à mesa, pode ser que um emissário dá a carta, mas é Jesus que a escreveu.
É um convite Santo. Um sacramento sagrado lhe implorando a deixar os afazeres da vida e entrar no esplendor dele.
Ele lhe encontra à mesa.
E quando o pão estiver partido, é Cristo que parte. Quando o vinho é vertido, é Cristo que verte. E quando seus fardos são carregados, é porque o Rei no avental chegou próximo.
Pense nisso na próxima vez que você vai para a mesa.
Um último pensamento.
O que acontece na terra há pouco é só um aquecimento para o que acontecerá no céu.[7] Assim da próxima vez que o mensageiro lhe chamar à mesa, deixe o que você estiver fazendo e vá. Seja abençoado e seja alimentado e, o mais importante, tenha certeza de ainda estar comendo à mesa dele quando ele nos chamar para nosso lar.
1 Mateus 26:182 João 13:53 Um sacramento é um presente do Deus para o povo dele.4 Um sacrifício é um presente das pessoas para Deus.5 Há momentos sacrificiais durante a Ceia. Nós oferecemos orações, confissões, e ações de graças como sacrifício. Mas eles são sacrifícios de ação de graças por uma salvação já recebida, não sacrifícios de serviço para uma salvação ainda desejada. Nós não dizemos, “Olha o que eu fiz.” Ao contrário, em temor, nós olhamos para Deus e adoramos o que ele fez.
Tanto Lutero como Calvino tiveram convicções fortes relativas à visão certa da Ceia do Senhor.
“Eles (os líderes religiosos) fizeram do sacramento e testamento de Deus, que deveriam ser recebidos por um bom convidado, parecerem com uma boa ação realizada por eles mesmos.” (Martin Lutero, Obras de Lutero, Edição americana, 36:49)
“Ele (Jesus) chama os discípulos a tomarem: Ele então é o único que oferece. Quando os padres fingem que eles oferecem o Cristo na Ceia, eles partem de uma base totalmente diferente. Que grande exemplo de caso virado de cabeça para baixo, que um homem mortal, para merecer o corpo de Cristo, deva agarrar para si o papel de oferecê-lo.” (João Calvino, Uma Harmonia dos Evangelhos, 1:133.) 6 Romanos 8:347 Lucas 12:37
Este artigo foi traduzido por Dennis Downing e reproduzido com a devida autorização do autor para o site www.hermeneutica.com.
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Capítulo Dois: No Jardim
de Max Lucado
É quase meia-noite quando eles deixam o cenáculo e descem pelas ruas da cidade. Eles passam pelo Tanque Inferior e passam pelo Portão da Fonte, saindo de Jerusalém. As estradas estão forradas com os fogos e barracas de peregrinos da Páscoa. A maioria está dormindo, fartos com a refeição da noite. Aqueles ainda acordados não dão importância ao bando de homens que caminham pela estrada calcária.
Eles atravessam o vale e sobem o caminho que os levará a Getsêmani. A estrada é íngreme e eles param para descansar. Em algum lugar dentro das muralhas da cidade o décimo segundo apóstolo desce sorrateiramente uma rua. Os pés dele foram lavados pelo homem que ele trairá. O coração dele foi tomado pelo Maligno que ele ouviu. Ele corre para encontrar Caifás.
O encontro final da batalha começou.
Quando Jesus observa a cidade de Jerusalém, ele vê o que os discípulos não podem. É aqui, nos arredores de Jerusalém que a batalha terminará. Ele vê as manobras de Satanás. Ele vê o corre-corre dos demônios. Ele vê o Maligno se preparando para o encontro final. O inimigo olha como um espectro aquela hora. Satanás, o anfitrião do ódio, agarrou o coração de Judas e sussurrou na orelha de Caifás. Satanás, o mestre da morte, abriu as cavernas e se preparou para receber a fonte de luz.
O inferno está se soltando.
A história registra isso como a batalha dos judeus contra Jesus. Não era. Era uma batalha de Deus contra Satanás.
E Jesus sabia disso. Jesus sabia que antes que a guerra acabasse, ele seria levado cativo. Ele sabia que antes da vitória viria a derrota. Ele sabia que antes do trono viria o cálice. Ele sabia que antes da luz de domingo viria a escuridão de sexta-feira.
E ele tem medo.
Ele vira e começa a subida final até o jardim. Quando ele chega à entrada, ele pára e volta os olhos para o círculo de seus amigos. Será a última vez que ele os vê, antes deles o abandonarem. Ele sabe o que farão quando os soldados vierem. Ele sabe que até a traição deles falta poucos minutos.
Mas ele não acusa. Ele não dá carão. Ao invés disso, ele ora. Os últimos momentos dele com os seus discípulos são em oração. E as palavras que ele fala são tão eternas quanto as estrelas que as ouvem.
Imagine, por um momento, você mesmo nesta situação. Sua hora final com um filho prestes a ser enviado para uma terra distante. Seus últimos momentos com seu cônjuge que está morrendo. Uma última visita com seu pai. O que você diz? O que você faz? Que palavras você escolhe?
É notável que Jesus decidiu orar. Ele decidiu orar por nós. “Eu não estou orando somente por eles, mas também por aqueles que ainda vão acreditar em mim por intermédio do ensino deles, para que todos sejam um só. Pai, oro também para que eles estejam em nós, assim como eu estou no senhor e o senhor está em mim. Que eles sejam um para que o mundo acredite que o senhor me enviou.” [1]
Você precisa prestar atenção que nesta oração final Jesus orou por você. Você precisa grifar em vermelho e realçar em amarelo o amor dele: “Eu também estou orando por aqueles que ainda vão acreditar em mim por intermédio do ensino”. Isso é você. Enquanto Jesus entrou no jardim, você estava na oração dele. Quando Jesus olhou ao céu, você estava na visão dele. Quando Jesus sonhou com o dia em que nós estaríamos com ele, ele viu você lá.
A oração final dele era por você. A dor final dele era para você. A paixão final dele era você. Ele vira então, entra no jardim, e convida Pedro, Tiago e João a seguirem. Ele lhes diz que a alma dele “está profundamente triste, até à morte”, e começa a orar.
Ele nunca se sentiu tão só. O que deve ser feito, só ele pode fazer. Nenhum anjo pode fazer. Nenhum anjo tem o poder para quebrar os portões de inferno. Nenhum homem pode fazer. Nenhum homem tem a pureza para destruir o controle do pecado. Nenhuma força na terra pode enfrentar o poder do mal e ganhar, exceto Deus.
“O espírito está disposto, mas a carne é fraca”, Jesus confessa.
Sua humanidade implorou par ser livrado daquilo que sua divindade poderia ver. Jesus, o carpinteiro, roga. Jesus, o homem, olha para dentro do buraco escuro e implora, “será que não pode haver outro jeito?”
Será que ele sabia da resposta antes que ele fez a pergunta? Será que seu coração humano imaginava que seu pai divino havia achado outra maneira? Nós não sabemos. Mas nós sabemos que ele pediu para escapar. Nós sabemos ele implorou por uma saída. Nós sabemos que havia um momento, no qual, se ele pudesse, ele teria se retirado da enrascada toda e ido embora.
Mas ele não pôde. Ele não pôde porque ele viu você. Aí mesmo no meio de um mundo que não é justo. Ele lhe viu num rio de vida que você não pediu. Ele lhe viu traído por aqueles que você ama. Ele lhe viu com um corpo que adoece e um coração que cresce enfraquece.
Ele viu você em seu próprio jardim de árvores tortas e amigos adormecidos. Ele lhe viu fitando o buraco dos seus próprios fracassos e a boca de sua própria sepultura.
Ele viu você em seu próprio Jardim de Getsêmani – e ele não queria que você estivesse só. Ele queria que você soubesse que ele esteve lá também. Ele sabe o que é ser alvo de um complô. Ele sabe o que é ficar confuso. Ele sabe o que é ficar dividido entre dois desejos. Ele sabe o que é sentir o fedor de Satanás. E, talvez mais que tudo, ele sabe o que é implorar a Deus para mudar de plano e ouvir Deus dizer tão suavemente, mas firmemente, “Não”.
Pois foi isso que Deus disse a Jesus. E Jesus aceita a resposta. Em algum momento durante aquela hora de meia-noite um anjo de clemência chega para o corpo cansado do homem no jardim. Quando ele fica de pé, a angústia não mais está nos olhos dele. Seu punho não se apertará mais. O coração dele não lutará mais.
A batalha é ganha. Você pode ter pensado que foi ganha no Gólgota. Não foi. A batalha final foi ganha em Getsêmani. E o sinal da conquista é Jesus em paz entre as oliveiras.
Porque foi no jardim que ele tomou sua decisão. Ele preferiria ir para inferno por você do que ir para o céu sem você.
[1] John 17:20-21 Novo Testamento : Versão Fácil de Ler
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Capítulo Três: O Julgamento
de Max Lucado
O julgamento mais famoso da história está a ponto de começar. O juiz é baixinho, mas tem ar de aristocrata, olhar furtivo e roupas finas. Seu cabelo grisalho é bem aparado e seu rosto sem barba. Ele está apreensivo, nervoso por ser empurrado para uma decisão que ele não pode evitar. Dois soldados o conduzem na descida dos degraus de pedra da fortaleza para o pátio maior. Raios de luz solar matutina atravessam o chão de pedra.
Quando ele entra, soldados sírios vestindo togas se apressam para ficar em pé, suas lanças para cima, olhares para a frente. O chão no qual eles estão em pé é um mosaico de pedras marrons, largas e lisas. No chão estão riscados os jogos que os soldados usam para se divertir enquanto esperam a condenação de um prisioneiro.
Mas na presença do procurador, eles não jogam.
Uma cadeira real é colocada numa elevação cinco degraus acima do chão. O magistrado sobe e toma o assento dele. O acusado é trazido para a sala e colocado debaixo dele. Um punhado de líderes religiosos em seus mantos seguem, andam para um lado do quarto, e esperam.
Pilatos olha para a figura solitária.
"Não se parece com um Cristo", ele murmura.
Pés inchados e barrentos. Mãos bronzeadas. Juntas encaroçadas.
Parece mais com um trabalhador braçal do que um professor. O que menos parece é encrenqueiro.
Um olho está preto, inchado e fechado. O outro olha ao chão. Lábio inferior partido e coberto por uma casca. Cabelo ensangüentado, emaranhado à testa. Braços e coxas riscados com vermelho.
“Quer que removamos o manto”? um soldado pergunta.
“Não. Não é necessário”.
É óbvio o que o açoite fez.
“Você é o rei dos judeus”?
Pela primeira vez, Jesus ergue os olhos. Ele não eleva a cabeça, mas ele ergue os olhos. Ele olha para o procurador por baixo da sobrancelha dele. Pilatos está surpreso com o tom na voz de Jesus.
“Essas são suas palavras.”
Antes que Pilatos possa responder, o nó de líderes judeus escarnecem o acusado do lado do tribunal.
“Veja como ele não tem nenhum respeito.”
“Ele incita as pessoas”!
“Ele se diz ser rei”!
Pilatos não os ouve. “Essas são suas palavras.” Nenhuma defesa. Nenhuma explicação. Nenhum pânico. O Galileu está olhando novamente para o chão.
Pilatos olha para os líderes judeus grudados um no outro no canto do tribunal. A insistência deles o chateia. Não bastam as chicotadas. O escárnio é insuficiente. Ciumentos, ele quer dizer na cara deles, mas não faz. Urubus Ciumentos, o bando obstinado inteiro de vocês. Matando seus próprios profetas.
Pilatos quer soltar Jesus. Dê-me apenas uma razão, ele pensa, quase em voz alta. Eu lhe soltarei.
Os pensamentos dele estão interrompidos por um toque no ombro. Um mensageiro se abaixa e sussurra. Estranho. A esposa de Pilatos disse para ele não se envolver no caso. Algo sobre um sonho que ela teve.
Pilatos anda por trás da cadeira dele, senta, e olha fixamente para Jesus. “Até mesmo os deuses estão de seu lado”? ele declara sem explicação.
Ele já sentou nesta cadeira antes. É uma cadeira curul (reservada ao uso das mais altas autoridades): azul de cobalto com pernas grossas e ornamentadas. O assento tradicional de decisão. Sentando nele Pilatos transforma qualquer sala ou rua numa sala de tribunal. É daqui que ele faz as decisões dele.
Quantas vezes ele já sentou aqui? Quantas histórias já ouviu? Quantos argumentos ele já recebeu? Quantos olhos largos o encararam, rogando por clemência, mendigando uma absolvição?
Mas os olhos deste Nazareno estão tranqüilos, silenciosos. Eles não gritam. Eles não correm. Pilatos os examina, procurando ansiedade. . . procurando raiva. Ele não encontra. O que ele descobre o faz mexer novamente.
Ele não está bravo comigo. Ele não tem nenhum medo. . . ele parece entender.
Pilatos está certo na observação dele. Jesus não tem medo. Ele não está bravo. Ele não está à beira de pânico. Porque ele não está surpreso. Jesus conhece a hora dele e a hora chegou.
Pilatos tem motivo para sua curiosidade. Onde estão os seguidores dele, se é que ele é um líder? O que ele pretende fazer, se ele é um Messias? Por que os líderes religiosos estão tão bravos com ele, se ele é um professor?
Pilatos também está correto na pergunta dele. "O que eu deveria fazer com Jesus, chamado o Cristo? "[1]
Talvez você, como Pilatos, está curioso sobre este homem chamado Jesus. Você, como Pilatos, está confuso com suas declarações e mexido com suas paixões. Você ouviu as histórias: Deus descendo as estrelas, encarnando, colocando uma estaca de verdade no globo. Você, como Pilatos, ouviu os outros falarem; agora você gostaria que ele falasse.
O que você faz com um homem que declara ser Deus, mas que odeia religião? O que você faz com um homem que se chama o Salvador, mas que condena sistemas? O que você faz com um homem que conhece o lugar e hora da sua morte, contudo vai lá de qualquer maneira?
A pergunta de Pilatos é sua. "O que farei eu com este homem, Jesus?"
Você tem duas escolhas.
Você pode rejeitá-lo. Isso é uma opção. Você pode, como muitos têm feito, decidir que a idéia de Deus se tornar um carpinteiro é estranha demais - e cair fora.
Ou você pode aceitá-lo. Você pode viajar com ele. Você pode escutar a voz dele entre centenas de outras vozes e segui-lo. Pilatos poderia ter feito isso. Ele ouviu muitas vozes naquele dia - ele poderia ter ouvido a Cristo. Se Pilatos escolhido tivesse escolhido responder ao Messias machucado, a história dele teria sido diferente.
Pilatos vacila. Ele é um cachorrinho ouvindo duas vozes. Ele anda em direção a um, então pára, e anda em direção à outra. Quatro vezes ele tenta livrar o Jesus, e quatro vezes ele balança para o outro lado. Ele tenta dar Barrabás para as pessoas; mas eles querem Jesus. Ele envia Jesus ao poste de chicoteamento; eles querem que ele seja mandado para o Gólgota. Ele declara que não acha nada de errado com este homem; eles acusam Pilatos de violar a lei. Pilatos, temendo quem Jesus poderia ser, tenta libertá-lo uma última vez; os judeus o acusam de trair César.
Tantas vozes. A voz do acordo. A voz da conveniência. A voz da política. A voz da consciência.
E a voz firme e branda de Cristo. "O único poder que você tem sobre mim é o poder dado a você por Deus". [2]
A voz de Jesus é distinta. Sem igual. Ele não bajula, nem implora. Ele só declara o caso.
Pilatos pensou que ele poderia evitar fazer uma escolha. Ele lavou as mãos dele em relação a Jesus. Ele subiu na cerca e se sentou.
Mas, ao não fazer uma escolha, Pilatos fez uma escolha.
Em lugar de pedir a graça de Deus, ele pediu um uivo. Em lugar de convidar Jesus a ficar, ele o despachou. Em lugar de ouvir a voz de Cristo, ele ouviu a voz das pessoas.
Diz a lenda que a esposa de Pilatos se tornou uma crente. Diz a lenda que a casa eterna de Pilatos é um lago numa montanha onde ele vem à superfície diariamente, ainda mergulhando suas mãos na água em busca perdão. Sempre tentando lavar a culpa dele . . . não do mal que ele fez, mas da bondade que ele não fez.
[1] Mateus 27:22[2] João 18:34
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Capítulo Quatro: Eis o Cordeiro de Deus
de Max Lucado
Senhor? Sim.
Pode ser que eu esteja errando ao dizer isso, mas preciso lhe dizer algo que estou pensando.
Pode falar.
Eu não gosto deste versículo: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” Não parece com você; não parece algo que o senhor diria.
Normalmente eu adoro quando você fala. Eu escuto quando você fala. Eu imagino o poder de sua voz, o trovoar dos seus mandamentos, o dinamismo em suas ordens. Isso é o que eu gosto de ouvir.
Lembre-se da canção de criação que você cantou na silenciosa eternidade? Ah, agora isso é você. Este era o ato de um Deus!
E quando você ordenou as ondas a salpicarem e elas rugiram, quando você mandou que as estrelas fossem arremessadas e elas voaram, quando você proclamou que a vida fosse vivida e tudo começou? . . . Ou o sussurro de respiração no barro assado que seria Adão? Isso era o seu melhor. É assim que eu gosto de lhe ouvir. Esta é a voz que eu adoro ouvir.
É por isso que eu não gosto deste versículo. É realmente você falando? Essas palavras são realmente suas? Essa é de fato sua voz? A voz que acendeu um arbusto, dividiu um mar, e enviou fogo de céu?
Mas desta vez sua voz é diferente.
Olhe para a declaração. Há um “por que” no início e um ponto de interrogação ao fim. Você não faz perguntas.
O que aconteceu com o ponto de exclamação? Esta é sua marca registrada. Esta é sua assinatura. A marca tão alta e forte quanto as palavras que precedem.
Está no fianl de seu comando para Lázaro: “Venha!”[1]. Está lá quando você exorciza os demônios: “Vá!”[2]
Está lá tão valentemente quanto você quando você caminha por sobre as águas e fala para os seguidores: “Tenham Coragem!”[3]
Suas palavras merecem um ponto de exclamação. Eles são o estrondo de címbalos do final, o tiro de canhão de vitória, a trovada conquistadora de carruagens.
Seus verbos abrem desfiladeiros e acendem os discípulos. Fale, Deus! Você é o ponto de exclamação da própria vida. . .
Então, por que o ponto de interrogação que paira sobre o término de suas palavras? Delicado. Dobrado e curvado. Inclinado como se estivesse cansado. Tomara que você o endireitasse. Estire. Faça-o ficar reto e alto.
E já que estou sendo bem franco com você – eu também não gosto de ver a palavra abandonar. A fonte de vida. . . abandonado? O doador de amor. . , só? O pai de tudo. . . isolado?
Veja bem. Certamente você não quer dizer isso. Pode a divindade se sentir abandonada? Nós poderíamos mudar um pouco a declaração? Não muito. Só o verbo. O que você sugeriria?
Que tal desafio? “Meu Deus, meu Deus, por que me desafiaste?”
Não é melhor? Agora nós podemos aplaudir. Agora nós podemos erguer bandeiras para sua dedicação. Agora nós podemos explicar isso aos nossos filhos. Agora faz sentido. Agora, isso lhe faz um herói. Um herói. A história está cheia de heróis.
E quem é um herói senão aquele que sobrevive a um desafio.
Ou, se isso não for aceitável, eu tenho outro. Por que não aflição? “Meu Deus, meu Deus, por que me afligiste?” Sim, é isso mesmo. Agora você é um mártir, fincando o pé para a verdade. Um patriota, perfurado pelo mal. Um soldado nobre que levou a espada toda até o cabo; ensangüentado e machucado, mas vitorioso.
Afligido é muito melhor que abandonado. És um mártir. Lá bem ao lado de Patrick Henry e Abraham Lincoln.
Você é Deus, Jesus! Você não pôde ser abandonado. Você não pôde ser deixado só. Você não pôde ser abandonado em seu momento mais doloroso.
Abandono. Isso é o castigo para um criminoso. Abandono. Isso é o sofrimento agüentado pelos piores. Abandono. Isso é para o vil – não para você. Não você, o Rei de Reis. Não você, o Princípio e o Fim. Afinal de contas, não foi você que João chamou de Cordeiro de Deus?
Isso é que é nome! Isso é que é você. O Cordeiro imaculado e puro de Deus. Eu posso ouvir João dizendo as palavras. Eu posso vê-lo erguendo os olhos. Eu o vejo sorrir e apontar para você e proclamar alto o bastante para todo o Jordão ouvir, “Veja o Cordeiro de Deus. . .” E antes dele terminar a declaração, todos os olhos viram para você. Jovem, bronzeado, robusto. Ombros largos e braços fortes.
“Veja o Cordeiro de Deus. . .” Você gosta daquele versículo?
Eu gosto muito. Deus. É um dos meus favoritos. É você. E a Segunda parte?
Hummm, deixe-me ver se eu me lembro. “Veja o Cordeiro de Deus que veio tomar o pecado do mundo”.[4] Não é isso, Deus?
É isso aí. Pense no que o Cordeiro de Deus veio fazer.
“Que veio tomar o pecado do mundo.” Espere um minuto. “Tomar o pecado. . .” Eu nunca tinha pensado nessas palavras.
Eu as li mas nunca pensei sobre elas. Eu pensei que, sei lá, você simplesmente tivesse mandado o pecado embora. Baniu-o. Eu pensei que você apenas tinha ficado diante das montanhas de nossos pecados e as mandado sumir. Como você fez com os demônios. Como você fez com os hipócritas no templo.
Eu pensei que você simplesmente tinha mandado o mal embora. Eu nunca notara que você o tinha tomado. Nunca me ocorreu que você de fato o tocou - pior ainda, que o pecado lhe tocou.
Isso dever ter sido um momento terrível. Eu sei o que é ser tocado por pecado. Eu sei o que é sentir o fedor dele. Lembra como eu era antes? Antes de eu lhe conhecer, eu me espojei naquele lamaçal. Eu não só toquei pecado, eu o amei. Eu o bebi. Eu dancei com ele. Eu estava no meio dele.
Mas por que eu estou lhe falando? Você se lembra. Foi você que me viu. Foi você que me achou. Eu estava só. Eu tinha medo. Lembra? “Por que? Por que eu? Por que estou tão machucado?”
Eu sei que não era uma boa pergunta. Não era a pergunta certa. Mas era tudo eu conseguia perguntar. Veja, Deus, eu me sentia tão confuso. Tão desolado. Pecado faz isso com você. Pecado lhe deixa naufragado, órfão, à toa, aban–
Ó Meu Deus. Foi isso que aconteceu? Quer dizer que o pecado fez o mesmo a você que fez a mim?
Eu sinto muito. Ó, eu sinto tanto. Eu não sabia. Eu não entendi. Você realmente estava só, não foi?
Sua pergunta foi real, não foi, Jesus? Você realmente sentiu medo. Você realmente estava só. Como eu estava. Só que, eu merecia. Você não.
Perdoe-me, eu falei sem pensar.
[1] João 11:43[2] Mateus 8:32[3] Mateus 14:27[4] João 1:29
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