RELIGIÃO DE ISRAEL

Rev. José Valadão

A RELIGIÃO DE ISRAEL – PRÉ-MOSAICA

Dos Patriarcas

1950 – 1300 a.C.

Uma corrente afirma que o Deus dos patriarcas era YHWH. Ele chamou Abraão e manteve diálogo com os outros patriarcas, e era adorado (cf. Gn.4:26)
Outra, que embora tenha aparecido aos patriarcas, diz-se explicitamente que não lhe era conhecido (Ex.6:2-3)
Todos concordam que os patriarcas adoravam a Deus sob vários nomes: El Shaddai (Gn.17:1; 43:14); El ‘Elyon (Gn.14:18-24); El ‘Olam (Gn.21:33); El Ro’i (Gn.16:13); El Bethel (Gn. 31:13; 35:7); YHWH Yire’h (Gn.22:14).
Não é historicamente preciso afirmar que o Deus dos patriarcas era YHWH. O Javismo começa com Moisés. Não se encontra nenhum traço desta adoração antes de Moisés.
Na narrativa de Gênesis cada patriarca é representado adorando o seu Deus por livre escolha, entregando-se a este seu Deus.
Certas invocações arcaicas da divindade encontrada nos textos bíblicos, indicam um vínculo pessoal íntimo entre o pai da clã e o seu Deus.
As principais invocações são: O Deus de Abraão (Gn.28:13; 31:42,53) e o Poderoso de Jacó (Gn.49:24). Deus era Deus da clã, um exemplo está em Gn.31:36-55.
Interessante é a evidência que temos que os antepassados hebreus adoravam a Deus sob o nome “El”. Não somente em nomes como Ismael (Que El ouça); Jacob-El (assim em vários textos, Que El proteja), mas como El-Shaddai, El-Elyon, El-Olam e etc..
E os últimos geralmente associados aos antigos santuários, por exemplo El ‘Olam com Bersabéia (Gn.21:33); El Elyon com Jerusalém (Gn.14:17-24), e muitos deles atestados em textos antigos como títulos de divindade, assim temos certeza de que eles são de origem pré-israelita.

FÉ DE ISRAEL – JAVISMO

A partir de Moisés

O nome do Deus de Israel é YHWH. A fórmula está em Ex.3:14. Sabemos que desde o começo Israel não adorou nenhuma divindade de natureza local, mas o Deus supremo. Desde o início foi proibida a adoração a qualquer outro deus senão YHWH, expressa de modo claro no primeiro mandamento. YHWH é Deus zeloso que não admite outro (Ex. 20:5). Criador de todas as coisas sem intermediários e nem ajuda (Gn.2:4b-25). No hebraico não há palavra para “deusa”. Israel não tinha mitos e nem aceitava mitos de fora.
Quando no Egito e na sua libertação, a questão é faraó. Deuses egípcios, não são considerados dignos de menção.
YHWH não é identificado com nenhuma força natural. Controla os elementos (Jz.5:4 ss), os corpos celestes (Js.10:12ss) cavalga nas asas da tempestade (Sl.29), Ele não é o deus do sol, nem o deus da lua ou deus da tempestade. Mesmo distribuindo as bênçãos da fertilidade (Gen.49:25ss; Dt. 33:13-16).
Na religião de Israel, a natureza era destituída de personalidade e desmitificada.
O poder de YHWH não era associado aos acontecimentos da natureza, mas a acontecimentos históricos imprevisíveis. Ele agia nos acontecimentos sempre com uma finalidade. Os atos salvadores e reveladores, era lembrados e recitados com uma veneração cúltica, e se constituem a base da obrigação de Israel para com Ele. Israel nunca considerou o culto como meio ou técnica para pressionar a vontade divina.
A religião de Israel, fundamentada assim em fatos históricos, foi a única religião da antigüidade que teve o senso da finalidade divina da história.

PERÍODO ANTERIOR AO ESTADO:

Israel viu seu Deus YHWH em oposição a outros deuses. YHWH era o Deus de Israel, como também eram vistos os deuses como senhores de outras nações (Jz.11:21; 1Sm.26:19). Posteriormente El foi usado para referir-se a YHWH (Js.22:22; Sl.104:21).
A junção de El com YHWH aconteceu no período anterior ao Estado.
YHWH provoca destruição de todos os seus inimigos, mas faz com que os que o amam brilhem como sol, quando se levanta em seus esplendor (Jz.5:31), e envia outros na força do seu espírito (Jz.6:34; 11:29). Assim fica garantido a Israel seu auxílio poderoso, e assim se projeta sobre os inimigos de Israel. Com esta natureza YHWH governa os destinos das nações e dos indivíduos. Foi por meio do culto que Israel se esforçou para manter e cultivar sua ligação com YHWH.
O cântico de Débora contém a primeira e, durante muito tempo a única descrição do aparecimento de YHWH e sua vinda à batalha acompanhada da agitação da natureza (Jz.5:4-5). A teofania introduz o cântico de vitória. Esta ligação e referência aos fenômenos naturais, podem ser explicadas pela suposição de que uma tempestade tornou possível a vitória de Israel sobre os cananeus, que estavam mais bem equipados.
Segundo alguns estudiosos, a expressão YHWH tsebaôt e “aquele que cavalga os Kerubim”, está associada primeiramente com a arca e depois com o santuário de Silo, onde estava a arca e finalmente veio para Jerusalém com a arca.
Originalmente a arca esteve associada com aron haelohim ou seja, arca de Deus (1Sm.3:3; 4:11). A arca estava associada com o nome de YHWH ao tempo que foi colocada no santuário de Silo. Elohim não foi considerado como outro além de YHWH.
Em 2 Sm.6:2 demonstra que o que era chamado “arca de Deus” até que foi trazido para Jerusalém por Davi, tinha outro nome em Baalat.
Neste período (anterior ao Estado), surgiram muitos santuários de YHH em Israel. Os santuários usados anteriores ao javismo foram dedicados a YHWH. Os novos santuários de YHWH foram formados em locais não usados anteriormente.
Parece que Bersabéia adquiriu certa importância em decorrência da sua localização. Isto pode ter acontecido em virtude da indicação que Samuel fez de seus filhos serem juízes ali (1 Sm.8.1-2).
Na região montanhosa do ocidente da Judéia, encontramos o santuário de YHWH de Zorá, que pertenceu a Dã, e posteriormente a Judá.(Jz.13).
Em Bet-Sames, foi ali legitimado como santuário a YHWH, conforme narrativa de 1Sm.6:10-14, que narra como as vacas que puxavam o carro que levavam foram sacrificadas sobre a “grande pedra” que havia ali, isto é, o altar local.
[ESTE TEXTO CONTINUARÁ EM BREVE]

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O Sumo Sacerdote:

Desde o retorno do Exílio em 538 a.C., o Sumo Sacerdote tornou-se aos poucos o ápice da sociedade. Responsável pela Lei, pelo Templo e presidente do Sinédrio. O único que podia entrar no “Santo dos Santos” no Templo, uma vez por ano para orar e expiar os pecados do povo. O Templo é local de movimentação financeira, devido ao comércio.
Os Selêucidas e depois Pompeu se permitiram nomear um Sumo Sacerdote quando o posto estava vago, pelo menos o nomeavam por toda a vida. Herodes Magno e outros procuradores depois dele, ousam destituí-lo quando lhe apraz. Entre 200 e 36 a.C. só houve treze sumos sacerdotes, e de 36 a.C. a 67 d.C. houve vinte e seis. Destes vinte e seis, vinte e cinco provêm de quatro famílias.
O Sumo Sacerdote é ajudado em suas funções por certo número de funcionários chamados chefes dos sacerdotes: o Comandante do Templo, responsável pelo culto e pela guarda do santuário, e é o que substitui o sumo sacerdote em caso de necessidade. Os chefes ads vinte e quatro secções semanais, os sete vigilantes do Templo, responsável por toda a manutenção e os três tesoureiros.

Os Sacerdotes:

Em número de sete mil mais ou menos, os sacerdotes são encarregados de oferecer sacrifícios no Templo e de conservar sua parte central. Eles são divididos em 24 classes, que ficam de serviço cada qual uma semana, cada uma por sua vez. Cada manhã desta semana, escolhia-se por sorte aqueles que teriam uma função particular no culto (Lucas 1:9). Somente por ocasião das três grandes festas é que todas as classes estavam de serviço ao mesmo tempo: cada sacerdote exerce seu sacerdócio no Templo cinco semanas por ano.
Devido aos baixos rendimentos, estes sacerdotes tinham que ter um outro ofício: carpinteiros, talhadores de pedra e etc., alguns se dedicam ao estudo e se tornam escribas.
O sacerdócio é hereditário, e é transmitido desde que a esposa seja uma judia e o filho fisicamente e mentalmente normal.

OS LEVITAS:

São aproximadamente dez mil divididos em 24 classes com cinco semanas de serviço por ano. Fora do tempo de serviço exercem variados ofícios.
No Templo estão divididos em dois grupos: os levitas músicos e os levitas porteiros.
Os levitas músicos se situam entre o pátio deles e o dos sacerdotes. Dirigem os cantos e os instrumentos.
Os levitas porteiros guardam e mantêm limpo o Templo (exceto o pátio dos sacerdotes), responsáveis pelo acesso aos diferentes círculos. Os dois grupos são distintos.

FARISEUS:

O nome “fariseu” aparece pela primeira vez nos contexto hasmoneu, no tempo de Jônatas (160-143 a.C.). Flávio Josefo já o cita juntamente com saduceus, essênios e Judas o Galileu (Antiguidades XVIII,11-25).
O nome fariseu vem do termo hebraico que significa apartado, separado.
Os fariseus queriam a santidade e a pureza de Israel, conforme Êxodo 19:6. Daí a necessidade da observância da Lei (veja Mateus 23:2-3).
Havia três objetivos: 1º Santificação diária; 2º Resguardar Israel da absorção no ambiente pagão que os cercava; 3º Prevenção contra possíveis transgressões.
Com João Hircano (134-104 a.C.) obtiveram forte influência e apoio popular. Já com Alexandre Janeu (103-76 a.C.) exerceram oposição intensa, ao ponto de apelarem ao imperador selêucida Demétrio III. Mas neste conflito, Janeu saiu vitorioso e, foram crucificados cerca de oitocentos fariseus. Em sua morte pediu a esposa que entregasse o governo aos fariseus. Daí para frente exerceram domínio sobre o sinédrio.
Sofreram intensamente no governo de Antípater e Herodes.
Os fariseus sempre foram uma minoria, segundo Josefo no tempo de Herodes eram pouco mais de seis mil indivíduos (Antiguidades xvii.2.4).

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