O Pecador Honrado e o Santo Hipócrita

A forma como me vejo no relacionamento com Deus me faz estabelecer paradigmas no relacionamento com o próximo e na forma como jugo o relacionamento do próximo com Deus. Na parábola Deus vai trabalhar para “abrir os olhos” do homem para que, alterando sua visão do relacionamento com o pai altere também seus valores no relacionamento com seu próximo.
Jesus discuti dois tipos básicos de homens. Um ilegal sem a lei e o outro ilegal dentro da lei. Pela semelhança dos discursos, das ações do pai, dos insultos contra o pai... Tudo me leva a crer que a forma da apresentação dos dois filhos é feita para se pensar que é o mesmo.

PROPOSIÇÃO: Nosso relacionamento com o próximo depende extremamente do relacionamento que temos com Deus.

1 – Deus quer que nos vejamos no primogênito ou no pródigo.
1a) Devemos ver que: O filho primogênito compara seu procedimento com o do seu irmão. (seu irmão já entendera que a graça não se recebe por méritos)
* Julga seu irmão pela atitude e a si mesmo pela intenção.
1b) Devemos ver que: O filho mostra desconfiança. (seu irmão já aprendera a confiar no pai)
* 1b1 - Um filho com relacionamento normal com a família entraria imediatamente para falar com o pai e se informar a razão da comemoração.

* 1b2 - Investigou se seu irmão tinha retornado rico ou pobre.
1c) Devemos ver que: O filho se recusa a entrar na casa. (seu irmão tinha voltado à casa)
* c1 - Não quer se unir à família. O filho primogênito tinha responsabilidade semi-oficial. Recepcionar os convidados em nome do seu pai. O banquete é para ele e para todos os demais convidados, mas é feito para honrar o irmão que retornara.

* c2 - Devemos ver que: O filho não acredita no amor do pai. De acordo com Kenneth Bailey, a cultura aldeã não via com bons olhos um pai que desce de sua posição de pai-autoridade para sair às ruas a busca de um filho que lhe faltou com respeito, não importa a causa.

1d) Devemos ver que: O filho insulta o pai. (seu irmão também já o tinha feito)
* Tornou uma discórdia familiar publica diante dos convidados. O normal na cultura seria entrar e fazer seu papel e depois de terminada a festividade conversar em particular com seu pai.

1e) Devemos ver que: O filho se exclui da família. (seu irmão já tinha retornado)
* 1e1 - Falta declaração do filho mais velho recusando sua parte da herança.
* 1e2 - Na narração falta o papel conciliador do filho mais velho.
* 1e3 - É ressentido com o irmão. Se refere ao irmão como “esse teu filho”.
* 1e4 - O conceito de alegrar-se é individual. (a semelhança do irmão)
Quando se refere aos seus amigos não inclui seu irmão, seu pai ou seus hospedes.
O retorno do irmão não é motivo para alegrar-se, para isso ele quer um bezerro e seus amigos.
* 1e5 - Acusa o pai de favoritismo. Possivelmente nunca se sentira amado.
* 1e6 - Reivindica dádivas por merecimentos, disputa salarial etc.

1f) Devemos ver que: O filho tem dificuldade de se enxergar. (seu irmão já tinha se enxergado)
* 1f1 - Acaba de humilhar o pai publicamente e diz: nunca te desobedeci.
* 1f2 - Não se importa com pessoas, apenas consigo; É aos seus olhos, um ser humano melhor que seu irmão e que seu pai devido sua alto-justiça, seu serviço, sua dedicação e sua obediência...

1f3 - Está quase a demonstrar a mesma mentalidade do irmão. “Nunca me deste um cabrito p/ me alegrar com meus amigos 29”
Observe o diálogo que pode ter havido nas entrelinhas:

Filho: “O senhor nunca me deu um cabrito”.
Pai: “Tudo o que eu tenho é teu”.
Filho: “Sim, mas eu não tenho o direito de dispor de nada. Sou dono de tudo, mas, assim mesmo não posso matar um cabrito e ter uma festa com meus amigos”.
Parece faltar uma pergunta do pai: “Ora, veja, você também quer que eu morra”?

* 1f4 - Há só uma diferença entre eles: O mais novo distante e rebelde fora de casa. O mais velho distante e rebelde dentro de casa.
Segundo Bailey a diferença é que o mais novo é um “pecador honrado” por dizer o que sente ao pai enquanto o mais velho é um “santo hipócrita” por permanecer o tempo todo escondendo o sentia.

*1f5 - Tem mentalidade de escravo. “eu me escravizei por ti”. Essa expressão “por ti” não explica a reinvindicação de “nunca me deste um cabrito”...

2 – Deus quer nos desafiar a reagir aceitando a reconciliação com o Pai e com os irmãos através de alguns temas primários que merecem atenção:

2a) O pecado.
A parábola retrata dois tipos de homens pecadores e a natureza do pecado e seus resultados.
Somos levados a lembrar dos discípulos que disputavam melhor lugar no reino e quem era o maior entre eles...

2b) O arrependimento.
O arrependimento de um homem que sabe que não pode salvar-se e a rejeição de um homem pelo arrependimento do outro baseado em sua justiça de merecimentos.

2c) A graça.
A parábola ilustra a natureza do amor de Deus oferecido gratuitamente, e fala a respeito do seu preço. Um amor que procura e sofre a fim de salvar.

2d) Alegria.
A alegria é experimentada em encontrar e comemorar a restauração do perdido.

2e) A filiação.
Um filho é restaurado da morte e da servidão. Outro insiste em permanecer como servo.

Aplicação:
De que forma você se vê no relacionamento com Deus?
Como você tem estabelecido seu relacionamento com o próximo?
Que tipo de julgamento tem feito do relacionamento do próximo com Deus?
Deus quer que você tenha primeiro um relacionamento curado com Deus.
Deus quer que você entenda que ele vai buscar o outro filho dele que o ofendeu também apesar de você.
Deus quer que você tenha um relacionamento curado com seu irmão.

Conclusão:
O desafio de Deus para o pecador honrado e para o santo hipócrita é que abram os olhos e tenham a visão clara do amor do Pai. A visão clara de si mesmo e a visão clara do próximo.

Fontes:
1 - As Parábolas de Lucas, Kenneth Baoley. Edições Vida Nova. 1995
2 - Bíblia Anotada. João Ferreira de Almeida.
3 - O Novo Testamento Interpretado. Editora Candeia.

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