Morre o pastor Ary Veloso

Perdi um Mestre, um Visionário, um Discipulador e um Mentor.
Por Josué Campana

 Perdi um Mestre

Agosto de 1979 – Ary Velloso entrou na sala de aula da Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Começou a falar com paixão de alguns livros da Bíblia e ganhou nossa atenção e nosso coração. Eu tinha 18 anos de idade, estava no primeiro ano do curso de teologia, e como eu, mais uns 100 jovens apaixonados pelo ministério bebíamos cada palavra que ele falava. Ele também falou um pouco do Palmeiras neste dia, mas o que ficou em nossa mente foi a paixão deste homem pela Bíblia, pela igreja, pelo evangelismo e pelo discipulado.

Nas aulas seguintes ele também falou sobre um sonho que estava realizando, que era plantar uma igreja para alcançar a classe média do Morumbi em São Paulo. Cada frase sobre este projeto fazia a gente sonhar com uma igreja como esta que ele estava plantando. Nos anos seguintes de curso eu tive a oportunidade de fazer mais algumas matérias com ele, sempre na área bíblica, e todas foram incríveis. Isto já tem mais de 30 anos, mas com a paixão com que ele ensinou, parece que foi ontem.

Perdi um Visionário

Maio de 1984 - Logo depois que eu me formei em teologia, eu e minha esposa Raquel começamos o ministério trabalhando com jovens na Convenção Batista em São Paulo. A Igreja Batista do Morumbi estava se firmando e de vez em quando eu procurava o Ary, para me inspirar em sua visão. Lembro-me uma vez que ele me atendeu em seu escritório na Sepal, me deu alguns livros e eu saí de lá renovado para continuar o ministério por mais alguns anos.

Depois deste encontro, eu pensei com os meus botões: “quem sabe um dia eu posso trabalhar mais perto dele, ou até quem sabe ser parte da Igreja do Morumbi só para me inspirar mais em seu exemplo e visão. Por mais de 20 anos isto foi só uma possibilidade, mas eu sempre acompanhava as notícias do que o Ary estava fazendo e nunca perdi a visão do ministério, em parte porque me inspirei no Ary. Só uma conversa de poucos minutos com ele sempre me alimentava a visão.

Perdi um Discipulador

Eu sou de uma geração que não foi discipulada. E quando eu via o Ary discipulando outras pessoas e falando de discipulado, sempre dizia no meu coração que um dia eu me envolveria nisto. Os anos foram se passando até que um dia eu e um amigo começamos a discipulado “um ao outro” pela falta de um discipulador, mas nossa inspiração sempre era o Ary.

Podemos dizer que à distância ele foi nosso discipulador. A paixão com que ele resgatou o discipulado de Jesus, fez com que quiséssemos viver o seu exemplo. Depois que comecei no caminho do discipulado, entendi porque o Ary falava tanto disto, como o discipulado mudava nossas vidas e como nos fazia ser mais parecidos com Jesus. Com certeza o ser parecido com Jesus era a coisa que falava mais alto na vida do Ary quando ele falava em discipulado. Isto fez uma tremenda diferença em minha vida e agora já não consigo mais viver sem isto.

Perdi um Mentor

Julho de 2002 – Quase 20 anos depois de ter me formado na Faculdade Teológica, um dos sonhos que o Ary plantou em meu coração, sem saber, se concretizava. Eu e a Raquel chegávamos na Sepal como missionários. Temos na Sepal o hábito criado pelo Ary e outros missionários de termos trios de prestação de contas, com algumas perguntas que o Ary nos ensinou na faculdade.

Qual não foi a minha surpresa! Ao chegar fui colocado no trio do Ary e agora compartilhávamos a vida, o ministério, os sonhos e isto foi uma das maiores bênçãos da minha vida por algum tempo. Depois Deus nos direcionou para sermos membros da Igreja Batista do Morumbi, e tive o privilégio de ter o Ary como pastor, e de participar, ao vivo e a cores, daquele sonho que ele havia falado para nós em 1979.

Mais do que isto, cerca de um ano e meio depois que estávamos na igreja, um dia o Ary me chamou para uma conversa séria. Ele me convidou para ser um dos pastores da igreja, integrando a equipe pastoral, para cuidar a área de pequenos grupos, dividindo meu tempo com a Sepal.

Nos anos seguintes experimentei a bênção de conviver de perto, ver que tudo que ele sempre nos ensinou como alunos não só era verdade, mas ele mesmo vivia cada uma destas coisas. Algum tempo depois ele foi para Londrina começar uma nova igreja, e brincamos com ele dizendo: “a vida começa aos 70”. Aquilo para mim também foi incrível. Ele nos passou o bastão e partiu para discipular novas pessoas.

Este homem marcou minha vida, porque ele mesmo foi alguém que imitou a Jesus em cada momento de sua vida. Agora peço graça de Deus para todos nós que recebemos suas marcas, para imitá-lo, pois o Ary é alguém que pode dizer com toda propriedade: “Sejam meus imitadores, assim como eu sou de Cristo”.

Um comentário:

António Je. Batalha disse...

Estive a ver algumas coisas em seu blog gostei do que li e pode verificar que seu blog é uma benção. Desejo deixar um convite, tenho um blog com o nome de Peregrino e Servo. Meu nome é Antonio Batalha, sou portugues. Se desejar fazer parte dos meus amigos virtuais, eu ficaria muito satisfeito. não quero que se sinta na obrigação de seguir o meu blog mas apenas se desejar. Decerto irei retribuir seguindo o seu blog também. Um obrigado.

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