Minha história preferida do
Papai Noel
POR NATHAN BUSENITZ
Tem um monte de histórias do
Papai Noel por aí nessa época do ano. Quase todas são completamente baseadas em
fantasia. Rena voadora, um saco cheio de presentes, escalada sofrível de
chaminés, uma roupa vermelha ridícula – tudo isso é ficção.
Mas quando meus filhos me
perguntavam “Papai, o Papai Noel é real?” eu nem sempre dizia “Não”. Ao menos
não na mesma hora.
Como qualquer bom estudante de
história da igreja, eu explicava que o verdadeiro “Papai Noel” foi, na verdade,
um pastor do quarto século chamado Nicolau de Mira, que depois foi considerado
um santo pela igreja católica Romana medieval. Ele era um dos favoritos dos marinheiros
holandeses, que o chamavam “Sinter Klaas” (ou “São Nicolau”), que passou a ser
chamado em inglês de “Santa Claus” (nota do tradutor: o nome em inglês “Santa
Claus” lembra mais “Nicolau” – embora o mesmo personagem seja conhecido em
vários países com o nome Pai Natal – Noël é Natal na língua francesa, daí a
nossa forma de se referir à lenda)
Claro que eu era cuidadoso ao
apontar que a versão moderna de São Nicolau não se parece em nada com o pastor
da Ásia Menor no quarto século. O verdadeiro Nicolau não viveu no polo norte.
Ele não era escandinavo. Ele não dirigia um time de renas mágicas. Ele não
trabalhava com elfos. Ele também não viajava o mundo a cada véspera de natal
trocando presentes por leite com biscoitos. Não, ele era um pastor. Ele adorava
o Senhor Jesus Cristo. E ele teria ficado estarrecido com a forma como seu
legado tem sido usado para obscurecer o verdadeiro significado do Natal.
Mas estou divagando…
Meu ponto neste texto é contar
minha história preferida sobre Nicolau de Mira – o verdadeiro Papai Noel.
Existem diversas lendas
baseadas em fatos reais sobre Nicolau – histórias sobre sua incrível
generosidade para com os pobres (de onde veio a ideia do Papai Noel dar
presentes); além de histórias sobre como ele garantiu a libertação de três
prisioneiros inocentes que haviam sido condenados à morte.
Mas minha lenda favorita
envolve o Concílio de Nicéia, no ano 325. Aquele concílio, é claro, estava
centrado em uma questão doutrinária primordial: a divindade de Jesus Cristo. Um
herege chamado Ário, não muito diferentemente das Testemunhas de Jeová de hoje,
negava abertamente que o Filho de Deus possuísse uma igualdade ontológica (isto
é, em seu ser) com Deus, o Pai. Então o Concílio de Nicéia foi convocado para
discutir a controvérsia, e concluiu-se que Ário estava errado e que seus
ensinos deveriam ser condenados.
É neste contexto que pegamos
esta história fascinante sobre o Papai Noel. O autor William J. Bennett explica
bem a história:
A Tradição diz que Nicolau era
um dos bispos que estava no grande concílio [de Nicéia]. À medida que ele ouvia
sentado enquanto Ário proclamava uma visão que lhe parecia blasfema, sua ira
aumentava. Ele deve ter perguntado a si mesmo: Eu sofrei todos esses anos na
prisão para escutar este homem traindo nossa fé?
Sua raiva lhe dominou: Nicolau
abandonou seu assento, andou até Ário, encarou-o em cheio, e deu um tapa em seu
rosto. Os bispos ficaram atordoados.
Ário apelou ao próprio
imperador. “Alguém que tem a temeridade de bater em mim na vossa presença
deveria ficar impune?” ele demandou…
[Em consequência disso,] Nicolau
ficou trancado em outra ala do palácio.
Entretanto, no final, o bispo
de Mira teve o resultado que queria. Quando os argumentos foram feitos, o
concílio repreendeu Ário por suas crenças. Os bispos escreveram uma afirmação
que veio a ser conhecida como o Credo Niceno, um credo que afirma a fé na Santa
Trindade e declara que Jesus é “da uma só substância com o Pai”.
Talvez Constantino
secretamente tenha gostado de ver alguém colocar Ário em seu lugar. Talvez
alguns dos bispos tenham admirado Nicolau por levantar-se firmemente, talvez
com zelo demais, por sua fé. Nicolau deve ter tido amigos e simpatizantes em
altas posições, porque quando o Concílio de Nicéia foi concluído, ele foi
libertado e seus distintivos clericais foram restaurados.
(William J. Bennet, The True Saint Nicholas
[New York: Simon & Schuster, 2009], 38-40.)
Então aí está: o homem que
nossa sociedade chama de “bom velhinho”, ao ouvir Ário abertamente negar a
divindade de Cristo, ficou tão irado pela blasfêmia que levantou-se, atravessou
a sala e acertou o herege na cara – no meio de um concílio imperial, na frente
de todo mundo.
Isso é bem dramático!
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É possível, é claro, que essa
história seja apenas uma lenda.
Mas mesmo se for, é de longe
minha história preferida do Papai Noel. Ela me lembra do fato de que o
verdadeiro “São Nicolau” adorou o Senhor Jesus Cristo. Ele era zeloso pela
honra de Cristo e resoluto em suas convicções doutrinárias. Ele estava disposto
até a confrontar erro e heresia de frente se necessário (e não era apenas
colocando carvão na meia de Ário).
No meio da época de feriados
na qual nossa cultura tenta obscurecer o verdadeiro sentido do Natal ao apontar
para o Papai Noel, eu gosto de lembrar as pessoas que, se o verdadeiro Papai
Noel estivesse vivo, ele estaria apontando as pessoas para Cristo.
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