Quero falar de um problema aparentemente simples, mas comum na maioria dos grupos musicais, principalmente evangélicos. Geralmente quando vejo um grupo tocando ao vivo percebo que temos problemas sérios.
Os instrumentos estão mal timbrados, cada um toca por si mesmo sem pensar no conjunto, não sabemos acertar os monitores, não pensamos em dinâmica, e por isso o trabalho todo acaba sendo prejudicado.
Não há inspiração que resista a tanto desleixo
Infelizmente nós, músicos cristãos, acabamos usando de frases prontas para justificar nosso despreparo, como por exemplo: “É para a glória de Deus...”Mas no salmo 33:3 diz: “Cantai-lhe um cântico novo, tocai bem e com Júbilo” . Façamos o excelente ao Senhor porque Ele merece o excelente!!! Deixemos de lado a preguiça e façamos o melhor para Deus!
“Maldito aquele que fizer a obra do Senhor negligentemente” (Jr. 48:10)
Bom, acho que Deus se agrada das coisas bem feitas... Ele é um Deus de ordem!
O primeiro cuidado que temos que ter é nos ensaios. Não dá prá aceitar que se suba num púlpito sem preparo, sem saber o que vai ser tocado. O ensaio é o momento do músico conferir ou aprender a harmonia da música, as rítmicas, verificar timbres, etc...
Vejo muito guitarrista tocando acordes diferentes do tecladista. Isso não pode acontecer! O ideal é que se escreva uma partitura simples, só com as cifras pra todos seguirem a mesma leitura.
Timbres
Nunca use, por exemplo, um som de piano para o tecladista junto com um violão de nylon e mais uma guitarra arpejando os acordes. Ninguém vai entender nada... vai ser uma ‘briga’ de arpejos. O resultado final é zero.
Procure usar um som de “cordas” ou um “pad” no teclado, o violão arpejando e a guitarra fazendo stacattos. Já dá uma outra cara....São soluções simples mas que tornam o resultado final bem mais agradável.
Baixo e Bumbo
O baixo e o bumbo da bateria também são os responsáveis pelo som sair “embolado” no PA (nas caixas de frente). Em primeiro lugar, mais uma vez estão os timbres.
Como ambos produzem freqüências parecidas, eles precisam ser timbrados com a maior clareza possível. O som de ambos precisa ser limpo, definido e seco.
Esqueça as “pedaleiras” de baixo e invista em um bom instrumento e em um bom amplificador. Tire os excessos de graves também do bumbo. Depois do som acertado é preciso aprender que, em princípio, o baixo e o bumbo precisam trabalhar “colados”.
Para isso ambos precisam praticar (em casa e não no ensaio) com metrônomo e estudar um pouco de rítmica. A partir daí, as coisas começaram a funcionar melhor.
A importância do estudo
Não pretendo gastar muito tempo falando da importância do estudo musical. Acho que isso precisa estar resolvido na cabeça de cada músico. Todo mundo precisa estudar o máximo que puder para melhor servir a Deus. Mas, depois do estudo individual, vem a prática de tocar em grupo que requer alguns cuidados.
A banda precisa soar como um único instrumento
Costumo dizer aos meus alunos que a banda precisa ser pensada como se fosse um só instrumento, ou seja, não são 4 ou 5 instrumentos, é um só.Vou explicar melhor: Pense numa orquestra sinfônica onde temos, por exemplo, em torno de 70 músicos. Se cada um resolver tocar como um solista, você pode imaginar a confusão que vai dar?
Mas, como então se consegue que uma orquestra soe bem? "A orquestra precisa soar como se fosse um só instrumento na mão de um único músico que é o maestro".
O maestro é quem faz com que cada um toque só a sua parte, que combina com a parte do outro e assim por diante. É ele quem diz o volume que cada um deve tocar para que a resultado seja equilibrado. Tem muitos momentos em que não tocar é a melhor solução.
Ouvir é tão importante quanto tocar
Por isso, uma banda deveria agir da mesma forma. Prestando atenção no que o outro está tocando é o que vai me indicar o que tocar. É pensando assim que vamos conseguir fazer uma banda soar bem.
Bom pessoal, o assunto não acabou ainda, é muito longo. Mas, na medida do possível, quero estar falando sobre os “macetes” para se conseguir um bom som de grupo. Espero ter ajudado alguns de vocês. Deus abençoe!!!
* Paulo Wesley é arranjador, guitarrista e produtor musical
2 comentários:
Em primeiro lugar gostaria de elogiar o texto “APRENDENDO A TOCAR EM GRUPO”, pois é um assunto pouco falado, mas de grande importância, mas também gostaria de chamar atenção para algo que se tornou um mito no cenário musical: a “relação entre o bumbo e o contra-baixo”. Diz-se que ambos precisam trabalhar “colados”, e isso é um equivoco! Não existe, necessariamente, uma convenção determinada. O que ocorre é que há uma ordem, organização na música. Às vezes isso causa confusão pelo fato de ambos se assemelharem no âmbito da “marcação da pulsação”. Isso ocorre muito em gêneros musicais como pop rock, funk e outros, mas, no caso da jazz, por exemplo, nota-se claramente a distinção e execução de ambos, que nem sempre estão “juntos”; há uma “liberdade” desde que haja lógico e coesão. Ficaria melhor se usássemos a expressão “coesão”, “marcação” ou “pulsação”.
Gostei do texto, muito útil.
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