Um pecador ensina pecadores


Esforcei-me para sustentar as pessoas que me procuraram para um relacionamento de orientação. Como criaturas inclinadas ao pecado, somos incapazes de controlar sozinhos nossos pecados. Precisamos de gente que aceite que somos pecadores e que nos impeça de ceder ao pecado.Meu ministério mais especial como “mentor” começou com minha confissão em público. Fui convidado para falar na conferência missionária em Urbana (EUA), em 1967. Minha mensagem não tratava de missões. Falei sobre pecado sexual.Foi a primeira vez que dei testemunho para um grande público. Alguns ficaram incomodados com minha franqueza, mas disse a esses jovens que eles, como eu, precisavam se arrepender da imoralidade sexual. Cerca de 4.000 se responderam ao apelo, muitos chorando de arrependimento.Já preguei três vezes em Urbana depois disso e, todas as vezes, as pessoas me cercam à procura de alguém que as ouça a respeito de suas lutas sem as condenar, e as leve de volta a Cristo.Um jovem que estava no campo missionário me escreveu, pedindo que eu me encontrasse com ele na fronteira do país em que estava. Sofria muito por seu pecado. Não conseguia nem verbalizar; então digitou em uma página a descrição de seus vícios. Eu o coloquei como meu companheiro de trabalho por um ano (sempre tive alunos viajando comigo). Assim, tivemos tempo para trabalhar nos problemas dele, que voltou ao campo missionário e hoje tem uma esposa e uma família maravilhosas.Ele precisava de alguém que lhe dissesse, com base na experiência própria, que há esperança. Com muita freqüência a igreja dá idéias falsas sobre santidade. Todos nós queremos amadurecer em santidade, mas leva tempo. O crescimento vem com a idade e a experiência. Princípios legalistas não são a resposta para o mistério do pecado humano. Aconselhei aquele jovem a buscar o equilíbrio entre graça e disciplina.E o incentivei a ler mais. Livros sobre os heróis da fé têm de ser fermentados com a aclamação sincera dos fracassos deles. Até os maiores de nós são tão pecadores quanto santos. Precisamos mirar exemplos realistas dos que buscaram padrões santos e, dando dois passos à frente e um para trás, nos aproximarmos deles.Líderes que admitem sua vulnerabilidade e até suas falhas, mancam. Porém, suponho que seja isso que faz com que os feridos consigam alcançá-los e pedir ajuda.O serviço a Deus é acessível aos deficientes.Ainda jovem na fé, eu estava na porta de uma boate em Indianápolis, distribuindo folhetos. A programação da noite chamou minha atenção, e logo eu estava sentado na terceira fila, assistindo o show. Era strip-tease. Em poucos minutos, fui tomado de emoção. Percebi onde estava – o evangelista, com os bolsos repletos de folhetos, olhando com cobiça as jovens que tiravam a roupa, peça por peça. Corri para fora, fui até o ponto de ônibus mais próximo, onde havia uma cabine telefônica. Não peguei o fone, mas chamei Deus.“Ó Deus!”, clamei. “Perdão, perdão”.Não senti o perdão, mas sabia que Ele havia prometido nos perdoar. Minutos depois, comecei a dizer a mim mesmo: “Fui perdoado. Obrigado, Senhor”. E saí da cabine.Mas, depois do perdão vem a condenação. “Deus não pode usar você. Você o decepcionou”, disse o acusador.Antes que eu conseguisse dizer qualquer coisa, um homem andou em minha direção. Pensei que ia me perguntar sobre o horário do ônibus, ou alguma outra informação, mas ele começou a me contar seus problemas. Em poucos minutos me perguntou: “Qual a solução?”. Uma hora mais tarde ele se ajoelhou perto do Memorial de Guerra em Indianápolis e entregou a vida a Jesus Cristo.Eu nunca conseguiria inventar uma história tão boa.Satanás queria me ver na boate, afundando cada vez mais na degradação da luxúria e da pornografia. O segundo plano era me fazer ficar preso na angústia da cabine telefônica pelo resto da vida. Porém, pela graça de Deus, pelo meu arrependimento e no recebimento do perdão pela fé, voltei ao plano de Deus e Ele me usou para levar aquele homem à salvação.Se algum dia eu viesse a precisar da evidência do perdão e da restauração, já tinha.Sou um pecador. Venho me fortalecendo com o passar dos anos. Arrasto-me até a cruz quando peco e descubro que Deus ainda me ama, continuando a me usar para levar outros a Cristo. Isso é graça, concorda?


George Werwer é diretor internacional de Operação Mobilização, organização missionária mundial com sede em Londres, na Inglaterra.Copyright 2008 por Christianity Today International

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